Aquele relógio era exatamente da mesma marca que o que Lúcia havia dado a ele no passado. Ela nunca permitiu que ele o tirasse do pulso, e mesmo durante as brigas mais sérias, quando ficavam dias sem se falar, ele jamais o retirou. Até o dia em que Lúcia foi sequestrada pelo gerente de um cliente e caiu de um penhasco. O relógio foi danificado e, apesar de todos os esforços para consertá-lo, não houve jeito. E agora, em um destino quase irônico, aquele relógio era o mesmo modelo que ela havia dado antes, idêntico ao que ele usava na mão direita, o presente que Lúcia lhe deu quando, contra todas as probabilidades, ela voltou da morte.
Sílvio ficou intrigado. Como aquela mulher sabia a marca e o modelo exato do relógio que Lúcia tinha lhe dado? Mas, mesmo com essa dúvida rondando sua mente, ele manteve a expressão inabalável. A fumaça do cigarro, queimarina entre seus dedos, formava uma cinza comprida que, ao cair sobre sua mão, finalmente o trouxe de volta à realidade.
Ele ergueu os olh