O coração de Lúcia estava apertado. Sob a luz amarelada dos postes, ela viu uma sombra longa, muito longa, que se projetava no chão. A sombra parecia a de Sílvio. As duas sombras, a dela e a dele, se sobrepunham, como se estivessem ligadas. Ele não continuou andando para frente.
— Não adianta tentar me convencer. Não importa o que você diga, desta vez não vou te perdoar. Vá embora. Eu não quero te ver. — Lúcia ainda estava com raiva, sua voz carregada de ressentimento.
A sombra permanecia ao alcance de sua visão, imóvel. Não avançava, nem recuava. Isso só a irritava ainda mais.
— Ei, eu disse que não quero que você me convença, mas você levou isso a sério, é? Não sabe interpretar o que eu digo? Não entende que “não” de uma mulher muitas vezes significa “sim”? Que “não quero que você me convença” quer dizer exatamente o oposto? Sílvio, você é um idiota? Não está vendo que estou sentada aqui, no meio da neve, congelando? E você ainda não veio me levantar? — Disse Lúcia.
Era patético, um