Lúcia não conseguia segurar as lágrimas, e Sílvio sorriu de canto, divertido:
— Na próxima vida, você pode me perdoar também.
— Quem disse que eu vou estar com você na próxima vida? — Lúcia respondeu, batendo nele mais uma vez.
Sílvio parecia estar se divertindo. Mesmo com os tapas, a preocupação dela com ele fazia seu coração transbordar de alegria. Felizmente, apesar de tudo, a cirurgia tinha sido um sucesso.
Ele estava acordado. Os obstáculos que pareciam intransponíveis tinham sido superados um a um.
— Você ainda ri? Como consegue? — Lúcia reclamou, dando-lhe novos tapas.
Sílvio segurou o pulso dela, mas logo a soltou ao ouvir um pequeno gemido de dor. Foi então que notou o corte no pulso dela. Lembrou-se do que Basílio tinha contado: que ela havia copiado a Bíblia inteira com sangue para rezar por ele.
— Que tolice... — Murmurou Sílvio, com o olhar pesado.
Lúcia soltou uma risada fria:
— Ainda nem refizemos nosso casamento. Se acha que sou tola, dá tempo de desistir.