— Eu estou rindo porque sua punição está prestes a chegar. — Lúcia soltou uma risada sarcástica.
O sorriso em seus lábios era de escárnio, de provocação, quase como se estivesse assistindo a um espetáculo de tragédia iminente.
Sílvio observou as estrelas cintilando nos olhos dela. Desde o acidente de Abelardo, ele não a via assim, tão radiante. Será que a desgraça dele a fazia tão feliz?
Com a taça de vinho na mão, Sílvio deu alguns passos em direção a Lúcia:
— Amanhã no tribunal, é quando eu vou receber essa tal “punição”? — Sua voz estava cheia de ironia, um deboche leve, como se tivesse o controle da situação, sem qualquer sinal de preocupação.
— Sílvio, a justiça pode demorar, mas nunca falha. Você não vai escapar dessa. — O tom de Lúcia era firme.
— Vamos ver. — Sílvio respondeu, com um sorriso ao canto dos lábios. Ao notar que o cabelo dela estava um pouco desalinhado, ele estendeu a mão, instintivamente, para arrumá-lo.
Lúcia se afastou bruscamente:
— Não ouse me tocar com essa