Rafaella estava completamente confiante.
Ela, porém, não sabia que a situação atual já havia mudado. Se antes era ela quem manipulava os outros, agora as posições haviam se invertido, e ela se tornou a pessoa manipulada.
Daniel ainda estava imerso no choque da frase que Rafaella havia dito há pouco:
"Vamos ao telhado ver a cidade de manhã, como fazíamos quando éramos crianças."
Rafaella sempre gostou de acordar cedo.
Toda vez que ela acordava, subia para o telhado e sentava, esperando o amanhecer.
Ela dizia que, antes de conhecer o avô, sua vida era como a noite, mas que, depois de encontrá-lo, sua vida começou a clarear aos poucos.
Toda vez que via o amanhecer, se lembrava de valorizar o presente.
Ele sabia desse seu gosto e, sempre que ela subia ao telhado, a acompanhava.
Mesmo que não dissessem nada, os dois ficavam sentados no chão, esperando o céu escurecido se transformar em luz.
"Mas essa Rafaella falsa... Ela também sabe disso? Como ela sabe dessas coisas?"