Aprisionada ao Rei do Tráfico
Aprisionada ao Rei do Tráfico
Por: Isabela Moura
Episódio 01 — Falcão

Desde moleque, enfrentei muita coisa na vida. Uma das primeiras dificuldades foi ser escorraçado pela minha avó. Ela nunca gostou de mim, nem da minha irmã, e acabou colocando minha mãe para fora. Na bagagem, estávamos nós, porque, infelizmente, as condições não eram das melhores. Com doze anos de idade, me vi na rua, procurando algo para fazer. Comecei vendendo bala no sinal, mas nem tudo era como a gente espera. Alguns ajudavam, outros não. Mas, no fim das contas, todos tinham sua razão. Hoje em dia, é muito mais fácil qualquer moleque de rua se envolver com o crime. Mas, naquela época, quando comecei a vender balinhas no sinal, eu ainda não estava envolvido.

Foi só dois anos depois, quando as coisas começaram a piorar, que me vi entrando no crime. Fui me envolvendo aos poucos e, de repente, já estava fazendo as entregas para os caras. Nessa mesma época, conheci o Faísca e o GW, dois moleques que também resolveram se meter no crime. Com o tempo, acabamos criando uma boa amizade, porque, afinal, eu não estava completamente sozinho. Outros tentaram, mas muitos se deram mal. Muitos achavam que podiam enganar os bandidos, mas acabaram se dando mal.

Hoje, vejo as coisas com mais clareza. Tudo o que passei até aqui foi difícil. Mas lembrar do passado me fortalece. Eu tinha apenas quinze anos quando matei o dono do Morro do Alemão e assumi o lugar dele. Foi a melhor coisa que fiz, sem sombra de dúvida. O cara não só era um monstro, como também tinha a intenção de destruir a minha família. Ele estuprou minha mãe e queria fazer o mesmo com a minha irmã. Mas eu cheguei a tempo. Naquele momento, a raiva me cegou. Peguei uma faca e cortei a garganta dele, vendo o sangue jorrar como de um porco imundo. Não houve arrependimento, apenas uma necessidade brutal de vingança. A raiva foi o que me guiou naquele instante.

Assumir o controle do morro não foi fácil, mas eu sabia que era necessário. Faísca e GW se tornaram meus aliados, pessoas em quem eu podia confiar, os que estavam ao meu lado em todas as horas. Juntos, começamos a dominar o Morro do Alemão. O caminho foi árduo, mas, como dizem, quem luta pelo que é seu, acaba conquistando. E eu não tinha mais nada a perder.

— Qual foi Falcão. — ouço a voz do Faísca me tirando a atenção dos meus pensamentos.

— Sabe bater mais não caralho? — pergunto e ele rir.

— O melhor é chegar assim, que você fica puto. — disse rindo. — Mas aí, te passar a visão, o carregamento está tudo em ordem.

— Maravilha, e a droga? — Pergunto.

— Também está em ordem, o GW foi fazer a distribuição, e hoje é só sucesso. — disse sorrindo.

— Caralho mane, tá maluco, eu estava pensando no passado, e lembrei que hoje tem um churras na laje. — ele rir.

— Porra, tá ligado que tu só lembra das coisas em cima da hora. — disse rindo.

— Vai se foder porra. — esbravejo. — Vou comer as puta que eu quiser hoje.

— Como sempre, você pega todas. — dou risada.

— Vou deixar pra tu? — gargalho ao pega um fininho na minha mesa, acendo ele e começo a fumar.

— Deus dividiu o pão seu filho da puta. — gargalhei.

— Mas não dividiu a mulher. — exclamo. — Mas pode pegar quem tu quiser, eu quero algo novo, boceta nova. — sorrio enquanto vou fumando meu fininho na tranquilidade.

— Vou seguir meu bonde, preciso resolver umas pendencias chefe. — aceno com a cabeça.

Ele faz toque comigo e acaba saindo, da minha sala, o Faísca é uma boa pessoa, mas as vezes acaba se tornando inconveniente pelo simples fato de que ele entra na minha sala como se estivesse na casa dele, e isso é algo que odeio, o GW é do mesmo jeito, mas a gente na marra vai colocando ordem e eles acabam aderindo, só que não é exatamente assim. No fim eles sempre fazem as coisas para me ver irritado, mas estou na paz hoje, comi uma boceta mais cedo, estou na tranquilidade, pelo menos temporariamente.

Sento na minha cadeira, respiro fundo, tentando manter a calma. Eles sabem como mexer comigo, mas não vou deixar isso me afetar hoje. Faísca e GW, sempre com as piadas, sempre com aquela energia de moleque de rua querendo testar os limites. Eles sabem que não é qualquer um que pode mexer comigo, mas ainda assim, fazem questão de tentar. É assim que funciona, não é? Testar quem realmente está no comando. Mas é claro, ele vai continuar. E o GW não deve demorar a aparecer. O jogo deles é esse. Mas por enquanto, eu ainda estou de boa, aproveitando essa paz temporária. Afinal, nem sempre é possível manter tudo em ordem. Eles vão tentar, vão continuar querendo brincar de desafiar, mas a cada tentativa, vão aprendendo que comigo o negócio é diferente. Eu não sou o cara que brinca de "moleque", não sou o cara que se perde em joguinhos. Quando falo sério, é porque já tomei uma decisão.

Agora, me recosto na cadeira e tento relaxar. Não sei por quanto tempo vou conseguir, mas por enquanto, a tranquilidade é minha.

Após algum tempo, levantei da cadeira e saí da minha sala. Sair pela porta da boca, dei uma olhada rápida nos meus vapor ali na contenção, todos cumprimentando de longe, sabendo que o dia estava sendo tranquilo. Não tinha muito o que fazer ali, então continuei meu caminho. Fui até a moto, que estava estacionada perto, montei nela sem pressa, já sabendo que a estrada para casa ia ser o que eu precisava para terminar o dia em paz. Acionei o motor e, ao som do ronco do motor, segui em direção à casa. A noite ia chegando, o vento batendo no rosto, e eu só pensava em chegar logo, sem que nada me interrompesse. Hoje, pelo menos, era um daqueles raros dias em que a tranquilidade parecia estar ao meu lado. Só que ainda estava para me preparar para o churrasco lá na laje dos parceiros.

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