— Não é à toa que o Sr. Guilherme é conhecido pelo luxo. — Soltei uma risadinha. — Esse grampo de safira foi feito com a pedra que a família dele comprou num leilão caríssimo há dez anos.
— Era pra ser usado pela nora da família Gaspar... Parece que o Guilherme gosta mesmo de você.
Na hora, o salão inteiro ficou em silêncio. Afinal, por mais que fosse, eu ainda era a noiva oficial dele.
Cecília foi a primeira a reagir. Os olhos logo marejaram e ela levou a mão ao cabelo:
— Me desculpa, Juliana, eu sei que não sou digna de algo tão valioso. Eu já vou te devolver.
Ela arrancou o grampo com força, puxando alguns fios, as lágrimas escorrendo dos cantos dos olhos.
Guilherme, irritado, segurou a mão dela:
— Que história é essa de devolver presente? Eu te dei, então é seu!
— Quero ver quem aqui vai se atrever a reclamar!
Quando virou o rosto para mim, já estava cheio de desprezo:
— Juliana, precisa ser tão mesquinha assim?
— Nem casamos ainda e você já tá se achando a dona da família? Será que no seu mundo eu ainda existo?
Dei uma risada gelada e me levantei:
— Eu só falei por falar. Nunca disse que tinha que ser meu. Qual é a sua pressa?
Cecília me olhou, hesitante:
— Juliana, eu gosto muito desse grampo. Você pode me emprestar só um pouquinho? Depois que o meu concerto acabar, eu devolvo pra você.
Um dos amigos de Guilherme, que ainda há pouco puxava o saco dele, não aguentou:
— Poxa, Juliana, custa ser um pouco mais generosa? Você é a filha mais velha da família Ribeiro!
— A Cecília só pediu emprestado um pouquinho. Pra que tanto drama?
— Assim você acaba estragando a noite de todo mundo.
Puxei a cadeira com calma, sem expressão:
— Então eu vou embora. Aproveitem o jantar.
Talvez minha atitude tenha provocado Guilherme, que bateu na mesa e se levantou furioso:
— Juliana, que cara é essa?
— Você vai ser minha esposa, precisa aprender a se comportar!
— Agora mesmo peça desculpas pra Cecília!
Quase ri na cara dele:
— Nosso casamento nem confirmado está, o que ainda tem pra falar entre nós?
— Adeus. Quem quiser ser sua esposa que seja.
O rosto dele mudou de imediato, me encarando com raiva:
— O que você tá insinuando? Que por causa dessa bobagem você vai romper o noivado? Juliana Ribeiro, cadê o seu senso de compromisso?
Afastei a mão dele e abri o áudio que Hugo tinha acabado de me mandar:
— Juliana, as flores do noivado, você prefere lírios ou rosas?
— Lírios. — Respondi. — Combinam melhor com o design do vestido de noiva.
— Vestido de noiva?! — Guilherme avançou sem se conter. — Juliana, você já encomendou um vestido de noiva pelas minhas costas?
— Precisa se rebaixar tanto assim? Não tem vergonha?
Eu quase ri de tanta raiva:
— Faz o favor de entender, quem vai se casar sou eu, não você!
— O seu casamento não é o meu também? Em toda a cidade, quem não sabe que você, Juliana, sempre sonhou em se casar comigo?
Fechei a cara de vez:
— Guilherme, nunca te ensinaram o que é respeitar os outros?
De repente, a porta do salão se abriu com um estrondo, e uma voz grave ecoou:
— Sr. Guilherme, faça o favor de soltar a minha noiva.