2. Ridicularizada

Flora desceu a escadaria principal com lágrimas nos olhos, seu ex-marido não demonstrava arrependimento algum do que fizera com a esposa, Rosalyn ao seu lado, sorria abertamente, como se finalmente tivesse conseguido o que sempre quis — a vida de Flora.

A mulher apenas os ignorou, juntou toda a sua dignidade e seguiu para o lado de fora da casa, onde a observou por uma última vez e seguiu em frente, como parte do divórcio, o carro no qual Flora estivera há poucos minutos antes, pertencia por completo ao seu ex esposo.

Sem rumo, sem celular e eventualmente sem ninguém, Flora seguiu para o parque central no qual costumava a ir com a sua família — sentindo-se que estava sendo seguida, mas tudo poderia ser fruto da sua imaginação, assim como também tudo o que ela estava passando no momento, um pesadelo no qual ela deveria acordar em breve.

Sentando-se no banco mais próximo, Flora deixou sua mala ao seu lado e encarou o céu, pensando que tudo aquilo não passava de uma brincadeira de mal gosto, fechou os seus olhos e piscou fortemente, mas quando abriu — sentiu o choque da realidade e percebeu que tudo o que acontecera há minutos antes era verdade.

Um flashback passou em sua mente de tudo o que viveu com o seu marido, todas as juras e palavras de amor que ele dissera, todos os planos e metas a serem cumpridas, no fim das contas nunca tinha sido real — no fim de tudo, ela se apaixonou sozinha, tudo não passou de planos que ela mesma criou para eles.

Sem nem um tostão no bolso e sem ter para onde ir, Flora rapidamente lembrou-se de Cibelle Warren, sua melhor amiga e sua advogada particular. Ambas se conheceram há aproximadamente onze anos, ainda na época da faculdade, mesmo não cursando a mesma área, isso não impediu a amizade das duas. A mansão da sua amiga ficava há trinta minutos do parque central, o céu nublado anunciava uma chuva em breve, seus pés já doíam por causa da caminhada, ela continuava incrédula por perceber o rumo que a sua vida e casamento tinha tomado — mas ela sempre fora uma mulher forte e daria a volta por cima, começando pela empresa de seu ex-esposo.

Olhando as famílias felizes reunidas no parque, ela desejou para os seus para que tudo voltasse ao normal. Levantou-se e caminhou para a saída, onde decidiu que daria o seu melhor, como sempre fizera.

O céu já havia perdido a cor, faziam cerca de quinze minutos desde que Flora estava andando em direção à casa de Cibelle, o frio se fazia presente, a fazendo segurar com uma das mãos o seu braço, já que a outra mão estava puxando a sua mala. Em todo o momento, Flora olhava para trás com a intenção de reconhecer alguém e pedir ajuda para chegar até à casa de sua amiga, mas sem sucesso, mesmo sentindo-se observada em todo o momento, ela não deixou que isso lhe assombrasse.

Pingos de chuva começaram a cair do céu para o azar da moça, ela já pensava em pedir algum celular emprestado para fazer uma ligação, já que o seu ela havia deixado em casa, e possivelmente, a essa altura do campeonato, ele estaria todo quebrado. Para se proteger da chuva que ousou cair, a opção que a moça havia achado para chegar mais rápido até a mansão, era cortar o caminho, sentindo o frio da rua, ela sentiu saudades da sua mansão quente e confortável, no qual ajudou o seu marido a trabalhar duro para conquistar, mas seu esforço foi em vão, no fim de tudo, ele nunca merecera ela.

Entrando em um beco escuro, Flora sentiu medo e logo se arrependeu de ter seguido pelo caminho mais curto, acontece que, o lugar no qual ela estava seguindo era conhecido por haver gangster e ladrões. Flora segurou firme em sua bolsa e conforme passava pelo lugar, observava a todo o momento, chegando no fim dele, ela sentiu um alivio grande, até que percebeu um homem, aparentemente bêbado, vindo em sua direção.

O homem aproximava ter mais ou menos um metro e setenta e oito, se ela julgara certo,  o homem era de seu tamanho. Com um corpo rechonchudo, ela pensou que não teria chance alguma contra o homem, mesmo tendo lutado quando mais nova. Tentando evitar o máximo que podia o contato visual, Flora continuou o seu caminho, até sentir os braços ao redor da sua cintura.

— Para onde você pensa que vai gostosinha? — Indagou o homem bêbado dando cheiro no seu pescoço a fazendo sentir ânsia de vômito imediatamente.

— Me larga seu imundo!

Reunindo toda a sua força e coragem, Flora usou as técnicas de arte marcial que aprendeu por volta de seus quinze anos de idade com o seu namorado do ensino médio que a treinava quando podia e usou para o homem, que levou o seu golpe e nada pôde fazer contra a moça.

Sem olhar para trás, Flora agarrou a sua bolsa e começou a correr para o mais longe que ela podia, tanto para chegar logo, quanto para se livrar da chuva e das futuras ameaças do homem e de quem mais a viu sozinha no meio da rua, mas o que acontece é que, desde que saiu de sua casa, ela não estava mais sozinha.

Ryan se aproximou observou o estado do homem caído no chão e deu um riso ladino, em momento algum ele se aproximou da moça, se manteve distante a protegendo como podia, mas ele viu que ela nunca precisou ser salva, sempre foi forte e independente para agir sozinha na dificuldade, e isso era uma qualidade no qual ele admirava nela, mesmo depois de tudo o que aconteceu entre os dois.

— O que achou que faria com aquela moça, hm? — Ele indagou para o homem que continuava caído, só que dessa vez com os seus olhos arregalados.

— ME-me-me desculpe senhor! — Ele gaguejou, reconhecendo Ryan.

— Vocês já sabem o que fazer com ele. — Disse ele aos seus subordinados, indo em direção ao seu para o seu carro para continuar o que estava fazendo desde muito cedo, mas antes que ele pudesse entrar, uma jóia brilhante chamou a sua atenção, revelando brincos de esmeralda com um design excepcional.  — Sejam rápidos, e não sejam vistos. — Ordenou.

— Sim, senhor! — disseram os homens em uníssono.

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