Aisha Fury
Mal a poeira causada pela explosão começa a assentar, e, pela segunda vez, as paredes estremecem. Ao meu redor, o ar é tomado por um rugido profundo, como se a própria terra gritasse de dor.
O tremor me leva contra o chão de pedra novamente. Bato o ombro, arranho os joelhos, sinto o gosto metálico do sangue na boca. Mas estou viva.
Ofegante, me ergo devagar.
— Eron...
Meu sussurro se perde entre os estalos das chamas que devoram parte da fortaleza. O corredor onde estou está repleto de destroços. Pedras, corpos... e o silêncio que se segue depois de uma tempestade.
— Eron! — chamo mais alto, com a voz embargada.
Nenhuma resposta.
Só o som dos gemidos dos feridos... e do fogo crepitando.
Corro.
Ou melhor, cambaleio, por entre os escombros e poeira. Meus olhos ardem, minha garganta está seca. Passo por corpos que não reconheço. Outros, sim. Um lobo caído. Um dos nossos. Ajoelho ao lado. Ele ainda respira, mas mal.
— Fica comigo, por favor — sussurro, pressionando o ferimento.