Capítulo 23
Certas verdades não precisam ser arrancadas. Elas escorrem por entre os sorrisos, quando os muros finalmente se racham. — Marjorye Sandalo
Maeve Jhosef
As luzes âmbar do bar recortavam sombras tênues nas paredes de tijolos expostos. Havia algo de reconfortante naquele lugar escondido entre esquinas de Seatlan, como se ele também guardasse segredos demais para serem julgados. Zola, Kilian e Amanda conversavam animadamente sobre algo que eu mal escutava. Meu olhar, inquieto, escaneava o ambiente sempre que a porta rangia com mais um cliente chegando.
— Ele não vem — Zola murmurou ao meu lado, cutucando minha costela com o cotovelo. — Você precisa parar de olhar toda vez que alguém entra.
— Não estou olhando — menti, virando o rosto em direção ao copo de gin, onde a fatia de laranja boiava como um sol afogado.
— Tá bom — ela disse, com aquela risadinha irônica que só uma melhor amiga é capaz de usar sem ser insuportável. — Só acho curioso que você passou a se importar se el