Siena Dal
Um mês se passou. Um mês de sol brasileiro, do cheiro de café torrado e do som constante, mas agora reconfortante, da minha família. A fazenda, que antes parecia uma prisão, lentamente voltou a ser um lar.
Minha perna estava quase curada. A bengala foi trocada por uma leve mancada, que a fisioterapia prometia eliminar. Luna, ao meu lado, havia recuperado seu brilho, embora às vezes eu a pegasse olhando para o nada, perdida em memórias que ambas compartilhávamos.
A queda de Julian Thorne e o desmantelamento do Sindicato haviam curado algo dentro de nossa família também. A raiva deu lugar à compreensão, e a culpa, ao perdão.
O ponto de virada foi o almoço de domingo.
A longa mesa de madeira na varanda da casa principal estava posta. Era a primeira vez desde a crise que todos estavam juntos. Meus avós, os patriarcas da fazenda, sentados nas cabeceiras. Meus pais, parecendo mais relaxados do que eu os via há meses. Daniel e Bia, que haviam voado de volta ao Brasil para o fim de