Desde que Tatiane e Sabrina haviam entrado para a família Moreira, aquela era a primeira vez que saíam todos juntos para jantar.Embora a identidade de Sabrina ainda não tivesse sido oficialmente anunciada, para o público isso já era praticamente um fato consumado. Ela era reconhecida como a nova senhorita Moreira.— Sabi, daqui a pouco escolhe o que quiser comer, tá bem? Olha pra você, tão magrinha assim... A mamãe fica com o coração apertado.Mariana segurava com carinho a mão de Sabrina. Falava com ternura, num tom quase infantil.Tatiane, Catarina e o filho mais velho, Vinícius, vinham logo atrás, acompanhando as duas.O pai e os outros filhos, por motivos diversos, não puderam comparecer.Ao ouvir as palavras de Mariana, Sabrina apenas abaixou a cabeça e respondeu com um murmúrio tímido, quase inaudível.— Viu...Frágil como uma folha ao vento, seu corpo parecia não ocupar espaço.Tatiane, sempre prestativa, completou com um sorriso leve.— Sabi, tem que comer bem hoje, viu? A Sra
Tatiane manteve o sorriso no rosto, mas por dentro já estava revirando os olhos.“Sabia que meu ranço da Juliana não era sem motivo.”Além do fato de Juliana se parecer demais com os Moreira, tinha outra coisa que a incomodava profundamente: a energia dela.Desde a primeira vez em que se encontraram no exterior, Tatiane já havia sentido aquilo. Era como água e óleo. Simplesmente não batiam.Catarina, por sua vez, nunca sequer tentou gostar de Juliana.Mas, por conta da imagem que mantinha diante dos outros, não podia demonstrar isso abertamente.Na verdade, aquele plano da noite beneficente, quando tentou armar pra cima de Juliana, quase deu errado.Se não fosse por Viviane, a boba da história que acabou levando a culpa... Ela provavelmente já teria sido descartada pela família Moreira.Por isso mesmo, desde então, Catarina nem sequer pensou em mexer com Sabrina.Ninguém aceita por perto alguém que ameaça a própria posição.Ainda mais quando...As reações da família Moreira estavam fic
Aquela noite estava destinada a ser tudo, menos tranquila.Sabrina foi levada às pressas para o hospital. Quando a colocaram na maca, sua pele exposta já estava tomada por uma erupção avermelhada.Parecia... Uma reação alérgica.Mas ela não tinha comido tomate.A dúvida pairava na mente de todos.O hospital à noite era bem mais silencioso do que durante o dia. O cheiro forte de desinfetante dominava o ambiente, e o clima era quase sufocante.Mariana andava de um lado para o outro, aflita, diante da sala de emergência.Vinícius, por outro lado, manteve a calma. Avisou os familiares e, só depois de resolver tudo, foi até a mãe para tentar consolá-la.— A Sabi vai ficar bem. — Disse com firmeza.— A Sabi já passou por tanta coisa... Desta vez também não vai ser diferente. — Disse Tatiane logo em seguida.Ela tentava parecer serena, mas por dentro o coração batia descompassado.Se algo realmente acontecesse com Sabrina, tudo o que tinha planejado até ali viraria pó.Tinha sido descuidada d
“Com um talento desses... Por que não tentar a carreira de atriz?Vai ver o próximo a ganhar milhões por ano é você.Se desgastar assim, jogando esse tipo de joguinho mental... Não cansa, não?”O olhar de Juliana, meio sorriso, meio sarcasmo, fez Tatiane gelar por dentro.Felizmente, naquele instante, o letreiro da sala de emergência se apagou. A porta se abriu, e um médico de jaleco branco apareceu.Vinícius foi o primeiro a se aproximar.— Doutor, minha irmã está bem?— Ainda bem que trouxeram ela a tempo. Como familiares, vocês precisam estar sempre atentos às alergias da paciente. O corpo dela já é frágil, não aguenta esse tipo de estresse...O diagnóstico era claro.Sabrina realmente tinha alergia a camarão.Logo, foi transferida para um quarto privativo, onde ficaria sob observação e repouso.Depois de uma noite intensa, todos da família Moreira estavam esgotados, física e emocionalmente.Foi nesse momento que Juliana aproveitou para se despedir.Mariana sugeriu que Vinícius a le
Como ela não ia ficar nervosa?Tinha acabado de falar mal da Juliana na frente do Gustavo.E agora... Dava de cara com a própria, ali, bem no hospital.Bianca tentou manter a pose, fingir que não tinha visto ninguém. Apertou o passo para sair logo dali. Mas justo nesse momento, Juliana levantou os olhos.Os olhares das duas se cruzaram no ar.Por um instante, parecia que o mundo inteiro tinha parado.Bianca apertou com força as alças da mochila e, tomada por uma vergonha furiosa, ficou com as bochechas completamente coradas. Estava parecendo uma maçã madura.E ainda teve a audácia de devolver o olhar com raiva.Juliana achou tudo aquilo... Ridículo.Entre Bianca e Helena, definitivamente a segunda era bem mais agradável aos olhos e ao espírito.Sem interesse em prolongar o contato, Juliana desviou o olhar.Não pretendia puxar conversa.Mas Bianca não estava disposta a aceitar esse desprezo.Na cabeça dela, ela podia escolher ignorar Juliana. Mas Juliana não tinha esse direito.E lá foi
Conhecendo o irmão como conhecia... Ela sabia exatamente o que vinha pela frente.Gustavo, ao saber da traição, com certeza ia atrás do tal cara.O problema?O cara era ninguém menos que o tio Bruno.Sobrinho batendo em tio por causa de mulher? Se isso vazasse, iam rir da família por gerações.Os olhos de Bianca estavam vermelhos. Sua mente era um verdadeiro caos, uma mistura de vergonha, raiva, desespero e arrependimento.Nada fazia mais sentido.Bruno passou por ela de mãos dadas com Juliana, sem sequer lhe lançar um segundo olhar.Apenas deixou uma frase fria no ar:— Fica aqui. Vou mandar alguém vir te buscar.Se não fosse filha de Joana, Bruno não moveria um dedo por ela.E Bianca sabia disso.Só pôde assistir, impotente, os dois se afastando.Como se o universo conspirasse contra ela, o celular vibrou com uma notificação de Gustavo.[Bianca, você disse que a Ju tinha te traído. O tal outro era o nosso tio Bruno?]Se ele já estava perguntando isso... Era porque tinha escutado algu
No espaço estreito do elevador, a temperatura parecia subir gradualmente.Os olhos de Juliana, grandes e límpidos como dois lagos claros, miravam Bruno com uma intensidade que quase o desarmava.Lábios entreabertos, expressão tranquila...Ela parecia uma daquelas criaturas mitológicas. Lindas. Perigosas. Impossíveis de resistir.E Bruno, que já era completamente apaixonado por ela, mal conseguia se controlar.Seus cílios longos baixaram devagar, projetando uma sombra sutil sob os olhos.A mão ao lado do corpo se fechou discretamente.Seus olhos escuros, profundos como a noite lá fora, escondiam emoções demais.Com a voz rouca, perguntou:— Que pergunta?Juliana o encarou, séria.— Por que você tem tanta certeza de que eu sou filha da família Moreira?Mais certeza até do que ela mesma.O último exame de DNA indicava que não havia laços de sangue entre ela e a família Moreira.Mesmo assim, Bruno parecia... Irredutível.E ele não hesitou nem por um segundo:— Porque eu confio no que eu si
Paulo ficou chocado com o próprio pensamento.Chegou a se assustar.Não... Nem pensar. Melhor não imaginar isso.E então, veio a mensagem.[Se ela não quiser, eu caso.]Seis palavras.Simples.Diretas.O suficiente pra quase fazer Paulo derrubar o celular.Bruno... Disse que ele se casaria?Ele estava vendo certo? Ou tinha lido errado?Paulo esfregou os olhos, voltou à tela... E a frase ainda estava lá.Rapidamente, respondeu:[Bruno, você tá falando sério??]Mas era tarde demais.Bruno já estava offline.Sem resposta.No dia seguinte.Juliana recebeu mais alguns candidatos para a vaga de assistente.Dessa vez, quem chamou sua atenção foi uma garota de vinte e poucos anos, rosto redondo e expressão tranquila.Usava óculos de armação quadrada, o cabelo preto preso num rabo de cavalo limpo e prático.Não falava muito.Mas era eficiente. Sabia o que fazer só de observar.Exatamente o tipo que Juliana procurava.Contratou na hora.Depois de algumas horas de adaptação, Ana, esse era o nome