Capítulo 2: Só uma noite

“José Miguel”

A música alta retumbando no meu ouvido realmente me incomodava. Eu não sabia como o Matheus, meu melhor amigo, ainda me convencia a ir para esse tipo de lugar. Aparentemente ele ainda não tinha passado da fase das baladas e eu duvidava muito que um dia passasse.

- Vamos, José Miguel, vira logo esse whisky, esquece essa amargura e vamos nos jogar na pista e conhecer as gatinhas! – O Matheus virou o copo de whisky e me encarou.

- Como eu ainda deixo você me arrastar para esse tipo de coisa? A gente não podia ter ido para um bar? – Eu reclamei e ele riu. Mas eu sabia exatamente porque ele tinha me arrastado dessa vez, porque eu só precisava beber depois daquele dia e eu não queria ir para casa e encarar a minha realidade, que era um inferno.

- Eu te arrasto, porque você já não suporta a Carmem! Deixa de ser chato e careta! Anda, vamos! – Ele insistiu, eu virei o copo e saí com ele da área vip em direção à pista de dança.

Eu já havia bebido um pouco além do que estava acostumado, o que me deixava bem mais relaxado e menos propenso a pensar antes de agir. Já o Matheus era o tipo sociável demais, fazia amizade fácil e fazia muito sucesso entre as mulheres. Ele era um cara de boa aparência, sorriso fácil e bom de conversa como poucos.

Nós paramos perto do bar, um pouco antes da pista de dança e o meu amigo deu uma olhada em tudo, foi tempo suficiente para algumas mulheres se aproximarem cheias de sorrisos e tentarem puxar assunto. Mas eu não estava interessado em conhecer ninguém e, enquanto o Matheus sorria para algumas garotas, eu bufei, revirei os olhos e fui para o bar.

Assim que eu encostei no balcão eu notei um cara, um pouco mais adiante, colocar algo numa bebida. Eu observei mais um pouco e a bebida não era dele, claro que não era! Era de uma moça que estava distraída demais com o celular e descuidou do copo. Quando ela levantou o rosto e se virou para pegar o copo, ela parecia estar chorando, o que me intrigou mais ainda. Ela pegou o copo e eu me adiantei, mas quando eu a alcancei ela já tinha tomado um gole.

- Ô, meu amorzinho, não bebe isso mais não! – Eu tirei o copo das mãos dela. – Finge que está comigo, tem um cara atrás de mim que batizou o seu copo enquanto você estava brincando no celular. – Eu avisei e ela estreitou os olhos pra mim, olhando sobre o meu ombro.

- Amigo, j**a isso fora e me vê uma água mineral, por favor. – Eu entreguei o copo ao barman.

Eu coloquei a água mineral nas mãos dela e ela tentou abrir a garrafa, mas não conseguiu. Eu segurei a garrafa entre os seus dedos, rompi o lacre, abri a garrafa e a deixei beber.

- O gosto estava mesmo estranho! – Ela comentou.

- Você está bem? – Eu perguntei e ela me encarou por um momento.

- Estou, obrigada! – Ela sorriu pra mim, tinha um sorriso lindo, mas o sorriso se desfez quando ela viu algo ou alguém atrás de mim. – Quer dançar comigo?

- Ah, querida, desculpe, mas eu... – Eu não tive tempo de responder.

- Moço, por favor! Vê aquele cara com a mulher de vestido neon agarrada ao pescoço dele? – Eu olhei e ela me mostrou o celular. – Ele acabou de me mandar essa mensagem terminando comigo.

- E você respondeu pra ele isso aqui? Que o lance de vocês era casual e que você não queria magoá-lo? – Eu olhei para ela confuso. – Mas você estava chorando.

- Porque não era casual! Pelo menos não pra mim. Ai, me ajuda, você já me salvou uma vez hoje, me salva a segunda. – Ela pediu e eu a olhei por um momento.

- O que você pensa em fazer? – Eu perguntei e ela abriu aquele sorriso lindo de novo.

- Vamos dançar, só finge que está comigo, só pra ele não ficar se achando muito especial. – Ela pediu e dançar não tinha nada demais.

- Tudo bem, vamos dançar! – Eu concordei e ela me puxou para a pista de dança.

Nós começamos a dançar e a batida da música era envolvente, assim como os movimentos que ela fazia. Nós estávamos abraçados, apenas dançando, nossos corpos estavam colados um no outro e se moviam juntos de forma muito sensual. Eu a segurava pela cintura fina e seus braços estavam em volta do meu pescoço, nossos olhos se conectaram e era impossível tirar os olhos dela. Nós dançamos por um tempo, como se estivéssemos presos um ao outro.

E a medida que eu dançava com ela, meus olhos se prenderam em sua boca, pintada de um vermelho quase vinho, que contrastava lindamente com a sua pele clara. Nossos olhos se conectaram e como se estivéssemos em câmera lenta eu fui descendo os meus lábios sobre os dela. Naquele momento eu não pensei em nada, eu apenas a beijei.

E que beijo! Um beijo quente e pulsante, seguindo a batida daquela música eletrônica, meus braços a prenderam contra mim e a minha língua invadiu a sua boca com uma vontade que eu já não sentia há muito tempo. Ela correspondeu com o mesmo furor, com a mesma vontade. Seus lábios se moviam com os meus e nossas línguas duelavam, e o gosto do whisky em minha boca se misturava com o sabor do gin na boca dela. Nossas respirações estavam sincronizadas e nossos corpos ainda se moviam na batida da música.

Eu ergui uma das minhas mãos até o cabelo dela e o toquei, tão macio e sedoso! Eu enfiei os meus dedos entre os fios e segurei a sua nuca, posicionando a sua cabeça para um ângulo ainda melhor, um em que minha língua possuísse a sua boca toda.

Mas alguém esbarrou em nós e a conexão daquele beijo se quebrou. Quando eu vi que quem tinha esbarrado em nós era justamente o idiota que a dispensou, eu sorri e a beijei outra vez. Eu só queria mais um pouco daquilo que eu não sentia há tanto tempo, queria mais daquele beijo que me fez esquecer tudo, que me fez esquecer todas as minhas obrigações e todos os compromissos. Eu a puxei para um canto e a encostei contra a parede, só para poder beijá-la outra vez, e eu nem sei por quanto tempo ficamos ali nos beijando, mas quando eu consegui pensar em algo mais do que beijá-la, seus lábios já estavam inchados pela reivindicação feita pelos meus beijos exigentes.

- Quer sair daqui comigo? – Eu perguntei num ímpeto, sem pensar em mais nada, embriagado que estava, não apenas pelas várias doses de whisky que eu já tinha tomado, mas por aqueles beijos e pela linda mulher em meus braços. Eu já estava cansado de pensar demais sempre. Ela apenas fez que sim e nós saímos juntos da boate.

Talvez eu estivesse cometendo um grande erro, mas eu esqueci de tudo, eu só queria um pouco mais daquela mulher linda que estava comigo. Eu a levei comigo para o meu apart hotel, havia um desejo pulsante entre nós, como se a batida eletrônica da música na boate ainda reverberasse em nossos corpos e durante o percurso da boate até o apart não houve palavras apenas beijos trocados em sinais vermelhos.

Nossas roupas foram arrancadas pelo caminho da porta até a cama e quando eu a puxei para a cama comigo eu estava completamente perdido em seus beijos, seu corpo e o seu perfume de sândalo, com um toque floral, me deixaram completamente enfeitiçado e eu não pensei em mais nada, sequer perguntei o seu nome. Eu possuí o seu corpo do mesmo modo que possuí a sua boca, com o mesmo furor, a mesma necessidade. Ela era linda, deliciosamente provocante, absurdamente sensual.

Foi uma noite simplesmente inesquecível. Há muito tempo eu não sentia tudo o que senti com aquela mulher linda, há muito tempo o meu corpo não reagia com tanto desejo por uma mulher, há muito tempo eu não quebrava as regras.

Mas quando eu acordei na manhã seguinte, eu estava sozinho na cama, o perfume dela impregnado no meu corpo e nos lençóis e sobre o criado mudo um bilhete: “obrigada pela noite espetacular”. Foi tudo o que restou dela, nem um nome ou um número de telefone. E talvez fosse melhor assim, porque eu já tinha cometido um erro grande demais ao passar a noite com aquela mulher.

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