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Capítulo 3: Arrependimento da manhã seguinte

“José Miguel”

Eu saí da cama sentindo o gosto amargo do arrependimento. Eu não apenas havia passado a noite fora de casa, como tinha passado a noite com outra mulher. Eu era um fraco, incapaz de manter as promessas que eu fazia! Eu fui para o banheiro e tomei um banho, precisava lavar o cheiro daquela mulher do meu corpo. Depois do banho eu vesti o terno limpo que mantinha ali e fui para o trabalho.

Eu mantinha aquele apart como um refúgio, como um lugar para onde eu ia sempre que a Carmem me fazia sentir sobrecarregado ou cansado demais. Mas eu nunca dormia fora de casa, essa tinha sido a primeira vez em anos e é claro que a Carmem já sabia, a essa altura, que eu tinha dormido fora de casa. Mas eu tinha que ir para o trabalho e lidaria com a Carmem e com a culpa que me consumia mais tarde.

Eu passei o dia no inferno, tentando trabalhar enquanto a minha mente insistia em colocar imagens daquela mulher estranha e sedutora diante dos meus olhos, sentindo a culpa pela minha falta me corroer e pensando no estardalhaço que a Carmem faria quando eu chegasse em casa. A Carmem... ela me ligou tantas vezes que eu nem sabia mais e eu mandei cada chamada para a caixa de mensagens. Recusei cada ligação que ela fez para o escritório, dizendo a minha secretária para dizer que eu estava em reunião.

E um estardalhaço foi exatamente o que aconteceu assim que eu coloquei os pés em casa no início da noite, depois de um dia exaustivo no trabalho, eu fui cercado pela Carmem, com suas cobranças e seus gritos cada vez mais frequentes. Aquela mulher estava devastando a minha sanidade, dia após dia.

- Parabéns, José Miguel, você realmente se superou dessa vez! – A Carmem se levantou do sofá e veio em minha direção, com a voz fria e a cobrança na ponta da língua.

- Carmem, por favor... – Eu comecei a falar, mas ela não estava disposta a ouvir.

- Por favor nada, José Miguel! Olha pra você, nem consegue manter uma promessa.

- Carmem, eu só dormi fora de casa! – Eu respondi e ela riu, aquele riso frio e cortante.

- Só? Tem certeza, José Miguel? Tem certeza que não teve nenhuma companhia? – Ela me encarou e o seu olhar parecia me perfurar, era como se ela pudesse ler a minha mente.

- Carmem, olha só. Ultimamente você está me pressionando demais. – Eu tentei argumentar, mas ela começou a chorar.

- Eu estou te pressionando demais? Você é quem está se esquecendo, José Miguel! Se esquecendo da sua família, se esquecendo de todos os sacrifícios feitos, se esquecendo das promessas que você fez! Por que, José Miguel, por que? Sua família não merece mais a sua lealdade? – A Carmem gritou e se sentou no sofá, com as mãos no rosto enquanto soluçava.

Eu me senti perdido. Me senti um cretino traidor, incapaz de honrar com a minha própria palavra. Senti a culpa me invadir como um furacão, seguida pelo arrependimento de não ter sido capaz de resistir à tentação daquela mulher. Eu fui até a Carmem e me sentei ao seu lado.

- Carmem, tem sido muito difícil para mim. Às vezes eu me sinto como se estivesse sufocando. – Eu falei suavemente.

- Tem sido difícil para você? E para mim, José Miguel, como você acha que tem sido? – Ela reagiu agressivamente mais uma vez. – Olha pra você, todos os dias você sai de casa, vai para aquele escritório e se esconde lá, quando volta pra casa já é tarde da noite. Você continua vivo! Você continua com a sua vida normalmente! – Ela olhou para as minhas mãos e soltou um som de desgosto. – Nem a aliança você usa mais e não usa há muito tempo.

- Carmem, eu já te expliquei... – Eu tentava manter a calma, mas ela não tinha calma, ela era um trem desgovernado passando por cima de mim.

- Explicou, claro que explicou. – Ela se levantou irritada. – Você deu uma desculpa qualquer. Aliás, como sempre faz, sempre uma desculpa qualquer. Como fez hoje, recusando minhas ligações, mandando aquela secretária estúpida me dizer que você estava em reunião. Mas era mentira, José Miguel, eu sei que era mentira, porque é isso o que você faz, você mente, você promete uma coisa e faz outra.

- Carmem, acalme-se, isso está passando dos limites! – Eu falei pacientemente.

- Limites? Limites? Foi você quem passou dos limites aqui. Foi você quem passou dos limites naquele maldito dia. É sempre você quem passa dos limites. E a verdade é que você nem se importa, porque você só se preocupa com você mesmo, com o que você quer! – A Carmem me encarou.

- Carmem, é melhor nos acalmarmos e conversarmos depois. – Eu sugeri e ganhei a sua risada fria.

- É claro, sempre depois, a sua família sempre fica para depois! Você sabe José Miguel, que tudo o que aconteceu foi sua culpa, SUA CULPA! AQUELE ACIDENTE FOI SUA CULPA! – Ela gritou na minha cara, como se eu já não me culpasse o suficiente. – Mas você não se importa! Você não consegue cumprir o que prometeu para eles, o que prometeu para mim! Mas eu tenho certeza que tem dedo do seu amiguinho Matheus nisso, é sempre ele, aquele demônio!

A Carmem saiu da sala batendo os pés com raiva. Eu levei as mãos ao rosto e respirei fundo, lamentando que as coisas tivessem se transformado nesse inferno, lamentando que eu tivesse cometido outro erro, lamentando que eu fosse tão estúpido e tão fraco! Eu subi as escadas me arrastando como se fosse um corpo sem vida, mas era assim que eu me sentia há muito tempo, um morto vivo, apenas a sombra de um homem.

A ironia de tudo é que foi justamente com aquela estranha que eu me senti vivo outra vez, foi aquela mulher que eu nem sabia o nome que me fez sentir inteiro de novo. Mas aquela mulher eu não veria nunca mais, eu nem sabia quem era e, ainda que soubesse, eu não poderia, eu era casado e não poderia me esquecer disso outra vez!

Eu me sentei em minha cama e abri a gaveta do criado mudo, tirei de lá a caixa de veludo e abri, ali dentro estava a aliança, aquela que eu já não usava há muito tempo porque na verdade eu não suportava o peso dela, o peso de tudo o que ela significava, o peso de tudo o que havia sido tirado de mim, o peso de todos os erros que eu cometi!

Talvez eu tivesse prometido coisas demais. Eu fechei a caixinha e a devolvi para o seu lugar, ela ficava ali, como um lembrete do que eu era, como um lembrete de tudo o que eu devia, fidelidade, respeito, a minha própria vida. Mas eu estava fraquejando e me perguntava até quando eu conseguiria manter viva a minha promessa, até quando eu conseguiria conviver com a Carmem, até quando eu suportaria tudo aquilo.

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