Capítulo 7

HENRIQUE

Algumas semanas haviam se passado voando e eu continuei com as sessões, estou irritado com Alicia, ainda mais agora que ela vive de sorrisinho bobo para baixo e para cima, sem eu entender o porque, toda vez que a pergunto, ela diz que não é nada, ok, nem somos amigos, por que ela me contaria? Talvez, seja ela trocando mensagem com Ethan, porque aquele é outro que vive sorrindo para o além e nada me conta.

Voltei para empresa, ajudar minha irmã, estamos atolados de trabalho e quando se tem mais duas mãos para ajudar, facilita as coisas.

Mas voltando para Alicia, ela quer me empurrar para um psicólogo, dizendo que meu problema maior é me aceitar, não acho que um psicólogo, poderá me ajudar com isso, aliás como irei me aceitar nesse estado? Nunca! A questão é essa, nunca, porque eu sou o culpado por estar dessa forma.

– Ei cara!! Que cara é essa? - Ethan entra na minha sala com um sorriso mas muda na mesma hora, ao me encontrar com cara de poucos amigos.

– Bater na porta e pedir com licença, as vezes é bom sabia?

– Que bicho mordeu você Henrique? Cadê meu velho amigo?

Ele se aproxima, sentando na cadeira em frente a minha mesa.

– Seu velho amigo não existe mais desde aquele maldito acidente. - Ele revira os olhos.

– Caramba, você realmente não aceita isso não é? Eu não entendo.

– Não precisa entender. O que você quer? - Ele levanta as mãos em redenção e logo abaixa, abrindo um sorriso.

– Hoje é sexta, passarei para te pegar às oito em ponto, sem desculpas. - Ethan já vai se levantando e antes que eu pudesse dizer alguma coisa, ele fala. – Ah, e vê se faz essa barba e capricha!

O mesmo da uma piscadela para mim e sai, sem esperar por uma resposta. Conheço Ethan e isso está me cheirando a um encontro a quatro, ele já me enfiou muito nesses encontros, principalmente quando eu ainda estava noivo, lógico que eu sempre respeitei a minha noiva e nunca a trai, mas meu amigo não gostava dela e tentava fazer de tudo para que eu conhecesse outra pessoa.

– Irmão!!! - Kauany entra e me lança um sorriso, ela se aproxima e se senta na cadeira. – Planos para esse final de semana?

– Hoje a noite parece que sim.

– Hummmmm!

– Não começa Kauany. - A mesma ri e não diz nada, mas conheço esse olhar de que ia me zoar. – Tá, papai já falou com você?

– Hum, sobre o que exatamente?

– A tia Lúcia e o tio Franklin estão vindo, então, vão ficar lá em casa, poderia ir não acha?

– Eu não sei...

– Olha mano, eu sei que o tio é uma pessoa que não gosta muito da gente, mas vai, mamãe e papai ficariam felizes com isso.

– Sei não Kauany.

– Olha, sabe que nossos pais só voltaram para casa, porque você está progredindo, desde que Alicia apareceu, você saiu finalmente daquele quarto, talvez pudesse convidar ela. - Estreito meus olhos a ela.

– Não! E não tente me convencer disso. -A mesma revira os olhos.

– Enfim, se o papai e a mamãe tivessem em sua casa, era para lá que eles iriam. Não faz diferença, é só por um final de semana, vai.

– Vou pensar.

Ela b**e as mãos e logo se levanta, vindo até a mim e me dando um beijo na bochecha.

– Por favor! Faz isso pelo papai e pela mamãe, por tudo que fazem por você. - Ela sussurrou e apenas a encarei, vendo sair do meu escritório.

Tio Franklin é irmão do nosso pai, ele aprontou muito para nossa família por conta da empresa, os dois comandavam juntos esse lugar, até descobrirem que meutio estava desviando dinheiro, roubando melhor dizendo. Foi uma briga e tanto de família, ficaram anos e anos sem se falar, até meu falecido avô, na beira da sua morte, fazer os dois filhos prometerem que se entenderiam, por ele. Eles se entenderam, mas depois do meu acidente, ouvi muitas vezes meu tio dizer que eu era uma vergonha e iria afundar os negócios da família, tá, ele que roubava então seria o certo a continuar comandando? Fora as suas amantes, que ele dá o luxo apenas para ter prazer, pobre tia Lúcia.

Dando o horário de expediente, segui para minha casa, tive que fazer uma pequena reforma, já que estou na cadeira de rodas e para não precisar ficar dependendo de ajuda para subir as escadas, contratei pessoas qualificadas para dar um jeito, para eu poder subir sem ajuda, agora sim. Fui direto tomar um banho, depois desci para tomar um café e passei a conversar com dona Julieta.

Dei a ela esse final de semana de folga, já que eu irei passar na casa do meus pais, a mesma ficou feliz da vida, dizendo que iria aproveitar para ir visitar sua família na cidade vizinha. Dona Julieta era sozinha, era viúva a anos e não havia filhos, segundo ela, eu era o seu filho querido, realmente ela me tratava como um, sempre cuidou de mim e da minha casa muito bem, sou completamente grato por tudo que ela me faz. Dando o horário, me arrumei, vesti uma calça preta com uma camiseta gola V, bordo. Ajeitei meu cabelo, no banho já aproveitei para deixar minha barba bem feita, passei meu perfume e ouço meu celular apitar, mensagem de Ethan dizendo que havia chego.

Desci até seu encontro, ele me dava um sorriso de lado, como se tivesse planejando algo e reviro meus olhos.

– Vai me contar o que está tramando?

– Relaxa cara, confia em mim?

– Nem sempre!

Ele gargalhou, seguimos para o seu carro, o mesmo me ajudou e logo deu partida para o tal lugar. Observei o mesmo no caminho, seus olhos estavam brilhando e um sorriso bobo estampado nos seus lábios, cabelo bem arrumado, barba feita, bem vestido, tem mulher na jogada e eu tenho certeza.

(...)

ALICIA

Fernando e eu, estamos trocando mensagens desde aquele dia da boate, e eu achando que era apenas só mais um. Saímos algumas vezes, em alguns encontros, baladas, barzinhos, ficamos também, mas estamos apenas nos conhecendo, ele parece um cara legal, mais ainda não é O CARA. Sorrio sim, toda vez que recebia uma mensagem dele, mas não sentia aquele friozinho na barriga ou borboletas no estômago, como as pessoas costumam dizer quando está apaixonada. A questão é que, Fernando me tira um sorriso fácil, ele é engraçado e oitenta porcento da nossa conversa, são sem sentindo algum, ele adora uma piada e são muitos boas por sinal, por isso o sorriso fácil.

Minhas sessões com Henrique estão indo bem, pude conhecê-lo um pouco melhor, mas o mesmo é muito fechado e difícil de lidar. Ele começou a me questionar sobre meus sorrisos bobos ao responder as mensagens no celular, as vezes fechava a cara, como se tivesse incomodado com isso, agora o por que? É a questão.

Hoje era sexta-feira e Gabriela insistiu querendo me arrastar para sei lá aonde, pediu para eu colocar a minha melhor roupa e me arrumar, passar na casa delas oito e de lá, ela daria o endereço. Ahhh, e avisou para mim não convidar o Fernando.

Pronta, sigo para casa de Gabriela para buscá-la, a mesma já me esperava em frente a sua casa, vestindo um vestido preto, colado, saltos, cabelo solto, completamente uma gata!

– Oii.

– Oi minha sis. -Ela me cumprimenta dando um beijo na bochecha, assim que entra no carro.

– Nossa que cheirosa, caprichou mesmo hein. - Solto uma risada.

– Para onde vamos?

– Direi apenas o endereço, mas o que iremos fazer, apenas saberá quando chegar.

Franzo as sobrancelhas, mas não questiono, sei que seria impossível dela me dizer alguma coisa, para mim, isso está muito suspeito. Dirigi até o local, era um pub aconchegante.

Nós entramos, observei aquele lugar, havia vários casais conversando, rindo, trocando carícias, sentados nas mesinhas, alguns com grupos de amigos e um eletrônico ao fundo. Percebi Gabriela digitando no celular e logo abrindo um sorriso para mim, grudando no meu braço e me puxando. Caminhamos para o final dobarzinho, eu estava mais atrás dela então, só soube quem era, quando ouvi a voz.

– Vocês estão brincando?

Me inclinei para o lado, vendo Ethan com um sorriso bobo, Gabriela se aproxima selando seus lábios ao dele. Meu olhar encontra com Henrique, ele estava muito bem arrumado, a última vez que o vi dessa maneira, bom, foi naquele evento que o mesmo ficou completamente fora de si.

– Oii. – cumprimentei receosa.

– Oii.

Sem jeito, aproximo e dou um beijo em sua bochecha, sinto o mesmo respirar fundo. Me afasto e cumprimento Ethan.

– Uau! Você tá linda. Claro, que não mais que minha morena aqui.

Sorrio e olho para minha amiga, estreitando meus olhos, o que esses dois estão tramando? Isso parece mais um encontro de casais.

– Então, o que vocês vão querer para beber?

– Um sex on the beach amiga? - Questionou Gab para mim.

– Por mim, tudo bem!

– Perfeito!

Me sento na cadeira ao lado de Henrique, ele estava com cara de poucos amigos, ou talvez, tão pouco entendendo o que estava acontecendo aqui.

Gabriela e Ethan, estão saindo, eles não tem nada sério, ainda, segundo ele. O mesmo está cheio de interesse por minha amiga, conseguiu meu número e vive me perguntado das coisas que Gab mais gosta, me pedindo conselho, lugares ou presentes que ele mesmo compra para dar a ela. Sempre deixo claro, que se machucar minha amiga, se verá comigo, aliás o que ouvi do Henrique sobre ele, me deixou um pouco insegura, mas Ethan parece um cara legal, talvez esteja mesmo afim de conquistar minha amiga.

Ele pediu nossas bebidas, drinks para nós duas e cerveja para eles. Começamos uma conversa aleatória, a noite até fluiu muito bem, Henrique dizia poucas palavras, as vezes eu percebia um pequeno sorriso de canto nos lábios dele e os olhares dele em mim, me observando de um jeito... estranho. Ethan e Gabriela deram a desculpa de irem "dançar", mas acho que na verdade, era só para nós dois ficarmos sozinhos.

– Você acha mesmo que Ethan seria capaz de magoar alguém? - Perguntei, olhando para os dois dançando e rindo.

– Olhando ele dessa forma? Sinceramente? Acho que não, não sua amiga.

O encarei, o mesmo abre um sorriso gentil.

– Eu espero de verdade que ele não a faça sofrer, Gab merece muito ser feliz.

– Acredite, se ele magoar sua amiga, eu ajudo você a matá-lo.

Acabei rindo, da maneira que ele falou, nunca vi Henrique dessa forma, ele gargalhou comigo, talvez seja o efeito do álcool em nossas veias, não sei.

Franzi minha testa.

– Como você sabe que está apaixonado por alguém?

Ele arqueou a sobrancelha, surpreso pela pergunta.

– Você nunca se apaixonou?

– Eu... acho que não. - dei de ombros. – Sempre me dediquei aos estudos, não tive muito tempo para pensar em namorar ou se apaixonar.

– Mas você está sempre com um sorrisinho bobo no rosto quando recebe mensagem.

– Ahh! Isso é estar apaixonado?

Ele afirma e fica pensativo por um momento, me encarando sem dizer nada. Coloco uma mecha de cabelo para trás da orelha e desvio o olhar do dele, já estava sentindo minhas bochechas corarem, droga, eu nem sei porque fiz essa pergunta, talvez eu tenha curiosidade, mas ainda Fernando não é o cara, como eu disse para vocês, não sinto que seja.

– Alicia?

Ao ouvir a voz, franzo minha sobrancelha. Henrique se vira e percebo seu semblante ficando sério, ao me virar, encontro quem eu esperava que fosse, Fernando, merda, mas pera aí, ele está aqui? Eu não disse que viria justamente para cá, ah claro, não temos nada, estamos apenas nos conhecendo como amigos e por coincidência, ele está aqui também.

– Ahh oii Fe.

Me levanto e o cumprimento com um beijo e um abraço, ao me afastar, direciono o olhar para Henrique que está com aquela cara de poucos amigos, mas antes que eu pudesse responder, Fernando estende a mão para ele.

– Oi Henrique, como vai?

O mesmo percorre seu olhar pela mão, não sei se foi impressão minha, mas Henrique parece não gostar desse cara. Com muito contragosto ele o cumprimenta com um aperto de mão.

– Muito bem, obrigado.

Os dois se encaram por segundos, fico sem saber como reagir, como será que eles se conhecem?

– Bom! Eu vou voltar para os meus amigos. Foi bom te ver e aliás, você tá linda.

– Ahhh, obrigada!

Ele me puxa para me abraçar e desprevenida, uma outra mão sua, segura em minha nuca, me puxando para um beijo. No momento eu tentei me esquivar, mas acabei me entregando para o beijo, foi coisa de segundos, Fernando não demorou para parar e dar uma piscadela. Enquanto saia, seus olhos foram para Henrique, apenas com um aceno de cabeça e logo se sumiu ao meio daquela multidão.

Quando encontrei o meu olhar com Henrique, o mesmo estava incrédulo, sem acreditar naquela cena, na verdade nem eu entendi muito bem. Me voltei a sentar, peguei o restante da minha bebida e tomei tudo de uma vez só.

– Ei calma ai princesinha.

Ele toca em meu braço, franzo minhas sobrancelhas por talvez ter ouvido mal, princesinha? Olhei para ele, seu rosto estava mais suave.

– Vocês se conhecem?

– Sim, da onde vocês se conhecem? Não vai me dizer que a dúvida de estar apaixonado é por essa cara?

– O que? Não! - levanto meu braço pedindo por mais duas cervejas, em seguida volto a encará-lo.

– Eu não sei, as pessoas dizem que se apaixonar é sentir um frio na barriga, borboletas no estômago, não sinto isso.

– Alicia. - Ele passa a mão pelos cabelos parecendo frustado. – Acho que Fernando, não é o cara certo para você se apaixonar pela primeira vez.

Arqueio a sobrancelha e ele continua.

– Ele foi meu colega de faculdade, por isso o conheço.

O garçom trouxe a cerveja e eu rapidamente bebi. Henrique olhou para dele e ficou pensativo, desviei meu olhar para procurar por Ethan e Gab, mas já não estavam mais na pista, franzo as sobrancelhas e olhei meu celular, uma mensagem da Gab dizendo que fugiu com Ethan, as coisas estavam aquecendo, que era para aproveitar o restante da noite e talvez, tirar uma lasquinha do senhor ranzinza. Caramba não acredito. Bufei irritada, eu não sei o que esses dois estão tentando fazer.

Eu o encarei.

– Ethan mandou mensagem para você? - Ele ficou confuso, pegando o celular e quando abriu, riu ironicamente.

– Tá de brincadeira?

– Gab me mandou a mesma mensagem. - Mostrei a ele, em seguida seus olhos cruzaram com o meu.

– Esses dois estão tentando juntar a gente? - Perguntei num tom irritada, Henrique fez uma careta.

– Agora eu fiquei magoado. -Observei sua cara de magoado e não me aguentei, comecei a rir.

– Ah para Henrique, você me odeia, só está me aceitando porque... não sei.

Ele abriu um sorriso, senti meu coração disparar, seu olhar suavizou, desviando para minha boca. Fiquei totalmente sem jeito, tomei o ultimo gole e chamei pelo garçom.

– Já estou no meu limite, você quer uma carona?

– Sei não, acho melhor pedirmos para tirar todos os postes da cidade antes.

– Eiii!

Abri minha boca em um perfeito *O* e dei um empurrão de leve em seu ombro. Nós dois caímos na risada, o garçom se aproximou, pedi a conta e Henrique fez a questão de pagar, dizendo que é a ajuda pela corrida, não tive como ganhar essa disputa, o cara insistente.

No caminho, conversamos, rimos, a conversa fluiu, Henrique parecia outro cara, talvez tenha sido a bebida? Eu não sei. Mas ele estava muito bem humorado, poderia estar assim todos os dias da semana, me facilitaria com as sessões.

– Entregue senhor Foster.

– Henrique, Alicia, somente Henrique.

Sorri, ajudei o mesmo com a cadeira de rodas e a descer do carro.

– Bom! Acho que a noite foi "amigável".

– Nossa, me ofendendo pela segunda vez, uau!

– Me desculpa! Eu não quis...

Ele soltou uma risada, fazendo meus braços se arrepiarem com o som, dei outro empurrão em seu ombro, entrando na risada com ele.

– Obrigado pela carona.

– Bom, era o mínimo que eu poderia fazer.

Sorri e o mesmo retribuiu. Não sei quanto tempo ficamos nos encarando, mas me perdi em seus olhos, haviam um brilho, o sorriso dele era diferente, com sinceridade, nossa conversa hoje fluiu bem, as vezes penso que Henrique é bipolar, sério, uma hora de mau humor e de repente, bem humorado. Senti um pequeno frio assoprar e minha pele se arrepiar, me fazendo acordar para realidade.

– É, bom... deixa eu te acompanhar até a porta.

Ele virou a cadeira, grudei na mesma, empurrando até a entrada. Ele se vira pra mim, sorrio. – Boa noite, até segunda-feira.

– Até segunda-feira Alicia.

Me inclinei e beijei sua bochecha, o mesmo virou o rosto, beijando a minha, senti um calafrio com seu beijo, uma eletricidade percorrendo por minhas veias. Afastei rapidamente, sem entender o que foi aquilo, ele abriu um sorriso e meu coração novamente acelerou, eu estava nervosa? O que?

– Tchau Henrique.

– Boa noite!

Me virei e sai, tentei não sair correndo, entrei o mais rápido possível no carro, dando a partida, tentando acalmar meu coração no meio do caminho, sem entender o motivo de estar dessa maneira.

Quando cheguei em casa, estava tudo silencioso, fui direto para o meu quarto. Tomei um banho e me deitei na cama, quando peguei meu celular havia uma mensagem do Henrique, meu coração se acelerou na mesma hora: "O que? Por que estou assim?". Respirei fundo e desbloqueei a tela, visualizando a mensagem.

– ¨Espero que tenha chegado em casa com segurança Alicia. Quero agradecer pela companhia, foi "amigável" como você mesmo disse. Andei pensando, estou apreensivo com essa pergunta, confesso, mas gostaria de convida-lá para me fazer companhia amanhã na casa dos meus pais, já que toda minha família adora você, eles ficariam felizes em recebê-la. Claro, se você não tiver compromisso. Tenha uma boa noite!¨

Eu li e reli aquela mensagem, Henrique está me convidando para um "encontro?", não Alicia, nada haver. Quando percebi, eu o respondi e já havia apertado para enviar a mensagem, bloqueei rapidamente o celular, deixando de lado e fechando meus olhos, não demorando muito para pegar no sono.

Sigue leyendo este libro gratis
Escanea el código para descargar la APP
Explora y lee buenas novelas sin costo
Miles de novelas gratis en BueNovela. ¡Descarga y lee en cualquier momento!
Lee libros gratis en la app
Escanea el código para leer en la APP