Capítulo 8

HENRIQUE

Acordei com a droga do despertador, levei um baita de um susto, meu celular estava em cima de mim. Franzi a testa e desliguei aquele barulho perturbador, passei a mão por meu rosto, perdi totalmente a noção do tempo ontem, adormeci, estava esperando...

– Alicia!

Olhei rapidamente meu celular e havia uma resposta, um sorriso involuntário surgiu sem eu perceber.

– "Eu que agradeço pela companhia e sim, cheguei em segurança em casa. Claro, eu iria adorar. Boa noite Henrique."

Eu não acreditei, o que eu fiz? Chamei mesmo ela para ir comigo a casa dos meus pais? Tá, isso foi efeito do álcool em minhas veias, só podia ser mas isso não é ruim, é ótimo, ou não, ah Henrique para de pensar. Ontem mesmo a garota me perguntou em como é se apaixonar, talvez ela esteja apaixonada, como saber? Confesso que fiquei um pouco curioso com isso, uma mulher linda como ela, nunca ter se apaixonado? Uau!

Passei para minha cadeira, tomei um banho e me arrumei. Ao descer já senti o cheiro delicioso de café de dona Julieta.

– Bom dia!

– Bom dia querido. Acordou cedo. - Me aproximei, ela se inclinou, me dando um beijo.

– Vou passar o dia na casa dos meus pais, esqueceu? Esse final de semana é sua folga.

Me conduzi até a mesa, enquanto ela me servia café, um sorriso se esboçava em seu rosto.

– Estou feliz que você tenha saído bastante dessa casa, ter voltado sua rotina. E não esqueci, só estou fazendo o café e já vou visitar minha familia.

– Bom, não é a minha rotina verdadeira, sabemos disso.

– Henrique, calma, as coisas podem voltar a serem como antes, é para isso que você está fazendo suas sessões.

– Sabe que eu não acredito nisso.

– Você não acredita, assim como disse que não sairia mais daquele quarto e olha só, aquela moça mexeu com você. - Quase engasguei com o meu café.

– Alicia não mexeu comigo Julieta.

– Sei, por que eu tenho a impressão que seus olhos brilham ao ouvir ou falar o nome dela?

A mesma sorria, fiquei a encarando por um momento. Não, não quero entrar nesse assunto agora, meu coração foi levado junto a minha ex noiva.

– Senhor, quando quiser ir, estou pronto! - Agradeci mentalmente por Tyler ter aparecido na hora.

– Então vamos, não quero chegar atrasado. - Bebi de vez meu café. – Aproveite sua folga dona Julieta.

A mesma sorriu e acenou a cabeça. Chegando no carro, olhei meu celular e resolvi ligar para Alicia, ela me atendeu no terceiro toque.

– Bom dia. - Surgiu um sorriso no meu rosto mas franzi a testa, ao ouvir sua voz sonolenta.

– Bom dia bela adormecida.

– Henrique? Que horas são?

– Nove horas Alicia, desculpa eu te acordei.

– É sim... acordou. Quer dizer, tudo bem.

– Então, você irá comigo mesmo? Se quiser desistir, entenderei. - Tranquei meus lábios e fechei meus olhos com força: "Merda Henrique, você só fala besteira" pensei.

– Eu irei, mas que horas?

– Então, estou a caminho. Ouvi um barulho e ela gemer.

– Está tudo bem Alicia?

– Sim, eu preciso me arrumar Henrique.

– Sem pressa, aguardo você. Só me passa seu endereço.

– Ok!

Alicia desligou, acredito que deve estar correndo contra o tempo, tudo bem, a culpa foi minha, eu dormi e não dei um horário a ela. Assim que a mesma me passou o endereço, dei a Tyler e seguimos. Chegando lá haviam duas pessoas em frente a casa, Tyler me ajudou, o homem me olhou, arqueando a sobrancelha.

– Bom dia!

– Bom dia, senhor Foster que surpresa agradável.

O mesmo sorrio, retribui, me aproximando e estendendo a mão para cumprimentá-lo, estreitei meus olhos, não sabia quem ele era, mas ele parecia saber quem eu era.

– Desculpa! Me chamo Ricardo Miller. Sou pai da Alicia.

– Ah, um prazer conhecer você senhor Miller. - Desviei meu olhar para mulher ao seu lado.

– Suponho que seja a senhora Miller? - A mesma arregalou os olhos, ouvi senhor Ricardo rindo.

– Essa é Ana. Infelizmente minha esposa veio a falecer há alguns anos.

– Me desculpe senhor, eu não sabia...

– Tudo bem, não tem problema.

Fiquei sem graça, outra vez fazendo besteira. A porta da frente se abriu, desviei meu olhar, encontrando com Alicia, ela estava linda. Seus olhos se digeriram ao seu pai e a mulher, em seguida olhou para mim e abriu um sorriso fraco.

– Bom dia!

– Minha princesa, bom dia!

– Bom dia. - Sorri, enquanto seu pai a cumprimentava com um beijo.

– Querida essa é Ana, a mulher que te falei.

– Ah prazer em conhecê-la. Até que fim eu pude conhecer a famosa Ana. - Ela se aproximou cumprimentando a mulher.

– Famosa Ana? - Questionou.

– Papai não para de falar em você. Eu fico feliz que finalmente ele se permitiu viver.

Apenas observo aquela cena, então era somente Alicia e seu pai? Eu não sabia disso, agora fiquei curioso para descobrir mais sobre ela.

– Então, vamos?

Ela me olhou e acenei positivo, me despedi do senhor Ricardo e dona Ana, Tylor me ajudou e seguimos o caminho para casa dos meus pais.

– Você está linda. - Alicia me olhou, abrindo um sorriso de canto tímido.

– Obrigada! Eu vesti a primeira roupa que eu vi, poderia ter me avisado o horário.

– Desculpa. Você demorou para me responder e eu acabei dormindo, muito álcool ingerido.

– Desculpado dessa vez.

Sorri e ficamos em silêncio o caminho todo, Alicia observava pela janela do carro e eu observava ela. Como pode? Ela apareceu na minha vida e tudo que eu dizia não querer, estou fazendo, Julieta tem razão, essa menina mexeu comigo, a única capaz de ter me feito sair da minha própria bolha.

Chegando na casa dos meus pais, somos recebidos com todo amor por eles e claro, surpresa por me verem acompanhado de Alicia.

– Alicia querida, que bom ver você aqui. - Minha mãe a abraçou, beijando sua bochecha.

– É muito bom rever a senhora Olívia, confesso que aquela casa não é a mesma sem vocês.

– Ah querida, estávamos apenas ficando por lá temporário, preocupados com Henrique, mas parece que as coisas estão evoluindo. - Minha mãe me olhou, com um largo sorriso.

– Alicia!

– Oi senhor Foster.

Assim que todos cumprimentados, entramos. Não demorou para Kauany vir saltitando de alegria.

– Eu não acredito, você a convidou. - Ela abraçou Alicia com tanta força.

– Kauany eu preciso respirar.

– Ai meu Deus, desculpa! - Ela se afasta. – Me empolguei. Oi maninho.

– Oi. - Ela se aproxima, beijando minha bochecha e sussurra.

– Finalmente criou coragem.

Apenas a olhei de canto de olho, vendo o sorriso sacana estampado em seus lábios. Kauany se virou, novamente para encará-la e a levou. Segui com meus pais também para o lado de fora e lá estavam eles, meus tios.

– Henrique!

– Franklin! - Ele se aproximou, me encarando de cima a baixo, deu dois tapinhas em meu ombro.

– É bom ver que se reergueu na vida.

– Querido, que bom te ver aqui, ai meu Deus! - minha tia se aproxima.

Pelo menos ela tinha caráter, uma pessoa de bom coração e mal sabia da metade dos problemas que seu marido se metia.

– Olha só para você, continua lindo! Fico tão feliz que esteja bem.

– É bom revê-la tia.

Ela beijou minha bochecha e em seguida me abraçou. Seguimos para mesa, Kauany apresenta Alicia à eles e os dois a cumprimentam.

Tirei um tempo observando a minha família, involuntariamente surgiu um sorriso em meu rosto, todos sorriam, gargalhavam enquanto conversavam, tratavam Alicia com tanto carinho, como se a garota já fizesse parte da nossa família a tempo. Há um determinado tempo que não percebia sorrisos no rosto dos meus pais e acredito que isso, tem tudo haver com esse anjo que apareceu em nossa vida, me tirando da escuridão.

– A garota é linda!

Ouvi a voz do meu tio, olhei para ele e o mesmo puxa por uma cadeira e se senta ao meu lado, apoiando sua mão em meu ombro.

– Fica esperto, ela é demais para alguém como você, sabe disso! - Franzo minhas sobrancelhas.

– Franklin não começa, você não sabe nada da minha vida. - Ele ri e se afasta, se escorando na cadeira.

– Eu sei muito mais do que você imagina garoto. Acabou com sua própria vida, está preso em uma cadeira de rodas e foi largado pela própria noiva.

Fechei meus olhos e meus punhos, me controlando, quem ele pensa que é para vir até aqui, na casa dos meus pais e me atacar dessa forma?

– Acha mesmo que aquela garota está aqui por sua causa? Até porque pelo que eu sei, ela é sua fisioterapeuta. - Senti ele mais próximo e sussurrar em meu ouvido. – Quem garante que ela não está apenas interessada no seu financeiro? Eu tenho certeza que posso oferecer um valor espetacular a ela!

Abri os olhos, o encarei cheio de raiva, minha cabeça prestes a explodir, tudo dentro de mim fervia, se eu não tivesse nessa maldita cadeira de rodas, eu partiria para cima dele sem hesitar. Desviei meu olhar, voltando para Alicia, tão doce, leve, inocente, ela jamais faria isso, faria? Não! Para o meu tio, o problema é sempre o dinheiro, não foi atoa que vendeu minha prima para um milionário, só por conta da merda do dinheiro, até da própria empresa roubava. Ele era dinheirista, apenas para manter seus luxos, bancar suas amantes e blá-blá-blá... um homem movido a luxúria e prazer! Ele riu sarcasticamente, dando dois tapinha em meu ombros.

– Vamos ver se o interesse dela é dinheiro!

O mesmo se levantou, sem deixar eu responder, fiquei paralisado, observando ele se aproximar dela, minha irmã se afastou e os deixou sozinhos, sozinhos caramba! Senti a raiva me consumindo ainda mais, principalmente no momento em que ele cochichou algo no ouvido dela e a mesma sorriu sem graça.

– Merda!

Dei um soco na cadeira e me conduzi até o pequeno bar na casa, me servindo de whisky e ali permaneci, com os meus demônios na cabeça, não é possível que Alicia se aproximou de mim apenas por dinheiro, me nego a acreditar nisso, ela jamais aceitaria ser amante de um velho nojento, ou qualquer outro homem, ela não era esse tipo de mulher, ainda mais por nunca ter namorado.

Estava na minha quarta dose, não irei deixar aquele idiota entrar na minha cabeça dessa forma, Alicia é diferente, eu sei que sim. Conduzi minha cadeira de volta para fora, suspirei ao ver que meu tio não estava mais por perto dela, seu olhar desviou e encontrou com o meu, surgindo um sorriso sem graça em seus lábios, sorri de volta, como pode ser tão linda?

(...)

ALICIA

Estar na companhia de Henrique, não é tão ruim, ultimamente ele vem sendo gentil demais comigo, me elogiando, me olhando de uma forma diferente, me fazendo ficar totalmente sem jeito e sem saber como reagir. A família dele me acolheu de uma forma incrível, são pessoas de bons corações, Kauany mesmo parece uma garota carente, acredito que seremos grandes amigas.

– Eu já volto Alicia!

Ela saiu e concordei com a cabeça, quando me virei para procurar Henrique, percebi seu tio Franklin vindo em minha direção, com um enorme sorriso, estranhei mas sorri para não parecer mal educada.

– Alicia, está se divertindo?

– Estou sim.

Sorri e o mesmo ficou bem perto, tentei me desvencilhar mas senti suas mãos em minhas costas me impedido de ir para trás, um calafrio surgiu em meu corpo e senti seu hálito quente no meu ouvido.

– Eu garanto que posso te fazer se divertir ainda mais!

Meu coração acelerou na mesma hora, abaixei a cabeça e acabei rindo de nervoso, o que aquele senhor estava querendo insinuar? Assim que senti suas mãos afastadas, dei dois passos para trás, encarei seus olhos, conseguindo enxergar malícias no mesmo. Desviei mas Henrique já não estava por lá, olhei ao redor, sua esposa estava entretida conversando com Olívia, senhor Foster não estava por ali, eu não sabia o que fazer.

– Tio? - Ele se afastou imediatamente, respirei fundo. Kauany minha salvação.

Ela olhou para ele com a testa franzida, ele disfarçou e abriu um sorriso.

– Só estava dizendo a Alicia que estou feliz que Henrique tenha encontrado alguém.

– Ahh! - Ela me olha, abro um sorriso forçado e sem graça, que cara idiota!

– É ele tem muita sorte mesmo.

– Bom, vou procurar seu pai.

O mesmo saiu, desviei meu olhar de Kauany tentando entender o que aconteceu, mas ela voltou a contar um pouquinho do seu relacionamento, pelo o que entendi ela e Noah estão juntos a três anos, mas ultimamente ela anda muito para baixo com o mesmo, está a evitando, só procura quando precisa de algo, hum... o que tem de errado com esses homens?

Vi Henrique voltando de dentro de casa, abri um sorriso sem graça e o mesmo me retribuiu, senti meu coração se acelerando com aquele gesto e ainda mais quando se aproximou.

– Posso saber o que as donzelas estão conversando?

– Ah só nos conhecendo melhor Rique. Aliás, Alicia nunca namorou, você acredita nisso? - Seu olhar continuou fixo aos meus, abrindo um sorriso de canto.

– Sim, eu fiquei sabendo e não dá para acreditar.

– Não mesmo, uma mulher linda como essa, até eu rastejava aos seus pés!

Henrique intensificou o sorriso, eu sentia minhas bochechas queimando de vergonha, Kauany gostava de falar, oh se gostava.

– Ei vocês três, se juntem aqui, vem!

Olívia chamou por nós, então acompanhamos até eles e passamos a tarde bem divertida, quer dizer, não tão divertida assim, aquele Franklin estava com um olhar de malícia para cima de mim, estava me deixando incomodada, que cara nojento.

– Alicia você está bem?

Senti o toque das mãos de Henrique no meu braço, percorrendo uma eletricidade em meu corpo, olhei para ele e sorri fraco.

– Sim, por que?

– Você está pálida.

– Eu estou bem, só podemos voltar para casa não muito tarde? - Ele respirou fundo e concordou com a cabeça.

– Se você quer isso, tudo bem, também não estou muito afim de ficar por muito tempo aqui. - Agradeci e voltamos a se enturmar.

Tentei ignorar o máximo a presença daquele homem, mas era quase impossível, sei que o mesmo passaria a noite aqui e eu que não quero ficar no mesmo lugar que esse cara. Se irei contar a Henrique? Não sei, é seu tio, não sei se devo falar, não sei se o próprio vai acreditar em mim, uma garota qualquer ou no tio, que é família.

Enfim, seus pais quase se ajoelharam em nossa frente pedindo para ficar, mas Henrique inventou uma desculpa, dizendo que eu infelizmente não poderia, que tinha um compromisso, eles aceitaram, choramingando mas aceitarem. Seguimos num silêncio total dentro do carro, um arrepio atravessou minha pele, lembrando daquele senhor próximo a mim, dizendo aquelas palavras como se tivesse insinuando algo.

– Alicia? Se importa de passar na minha casa? - O encarei e sorri.

– Claro que não!

– Perfeito.

Ele abriu um sorriso e me perdi por alguns minutos o encarando, seus pais são pessoas tão boas, ele e a irmã também parecem ser, agora já conheci duas pessoas dessa família que não me descem, Noah e Franklin.

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