Mi marido, un juez del gobierno, decidió donarle uno de mis riñones a la mujer que fue su primer amor, sin siquiera preguntarme. Intenté explicarle de todas las formas posibles que yo también tenía insuficiencia renal, al igual que ella, y que, sin mi otro riñón, no podría sobrevivir. Pero él, con mucho desprecio, me gritó: —Luci está tan grave y tú sigues celosa y haciendo berrinches. ¿Acaso no tienes corazón? Obligada por mi esposo, me llevaron al quirófano para realizarme la extracción. Al final, debido al empeoramiento de mi insuficiencia renal, morí en un rincón frío y solitario de la clínica, sin que nadie me prestara la mínima atención.
Leer másVampiros não existem.
— Existem! — Virgílio insistia. — Minha avó me contou, eu consigo até ver. — Ele fechou os olhos e narrou, teatral. — Olhos vermelhos, vidrados...o queixo sujo de sangue, as mãos de garras enormes...trêmulas! — Abriu os olhos, encarando o amigo profundamente, numa pausa dramática. — E então ele correu pra escuridão... E nunca mais foi visto... Mas! — Exclamou. — Um corpo foi encontrado na floresta aquela manhã...e adivinha... — Virgílio se debruçou sobre a mesa, fazendo o outro se afastar alguns centímetros. — Sem. Uma. Gota. De sangue.
— Ah, vá! — Lee sugou seu milk-shake de framboesas, zero por cento impressionado. — VG, isso são só histórias.
— Minha avó não mente, cara, eu já te disse! — Sentou-se corretamente de novo, indignado. — Se ela disse "Eu vi um vampiro", então ela viu um vampiro.
— Certo, certo... — Suspirou, derrotado. — Mas por que você acha que justo o senhor Conte é um vampiro?
— Você viu, ele mora num mausoléu e fala como se fosse um estrangeiro japonês da segunda guerra.
— Que exagero! Ele tem a minha idade, Virgílio.
— E você já chama ele de senhor.
— Porque ele vai ser meu patrão? — Perguntou como se fosse óbvio. — E ele nem fala de maneira tão antiquada assim. Na verdade, mal dá pra notar.
— Ah, dá! Dá inclusive pra perceber que ele tá disfarçando.
— Ele é só um herdeiro de dinheiro velho. — Sugou o restante do milk-shake. — Sinceramente, a única coisa que me preocupa é o quanto ele é gatinho.
— Eu tô te avisando!... Não se deixe enganar pela beleza dele! É próprio da espécie... Para atrair as presas.
Aquilo foi o que seu calouro inteligente porém extremamente impressionável lhe deixou de recado um dia antes de ele se mudar para a mansão do senhor Conte. Claro que Lee não acreditava em nada daquilo, por mais que a avó de Virgílio fosse realmente uma pessoa maravilhosa e, deveria dizer, uma verdadeira figura, mas... Como expressar aquele sentimento em palavras? De fato, Conte Victor tinha algo de...
— Excêntrico?
— Am... Não foi o que eu quis dizer...
— Ora, Dante Lee. — Conte apertou o nó da gravata com as mãos enluvadas. — Existe um sinônimo para tudo isso que você acabou de me chamar.
— É que... — Ele estendeu o paletó, ajudando o patrão a passar os braços pelas mangas. — Sabe, nós temos a mesma idade e... Agimos tão diferentes, o senhor entende? Foi nesse sentido que eu quis dizer.
— Hu... — Ele soltou uma única risada baixa e soprada, como costumava fazer. — Nós temos e não temos a mesma idade, Lee. — Ele limpou a garganta, arrumando o paletó sobre os ombros. — E pare de me chamar de senhor.
— Mas o senhor...
— Sou seu patrão, mas temos a mesma idade, você mesmo não disse? — Seus sapatos de solas caras faziam um barulho alto no chão de taco a cada passada larga sua. — Vamos, não quero me atrasar.
— Ah... Certo. — Ele saiu atrás, verificando a chave do carro no seu bolso. — Digo, sim senhor.
— Não me chame de senhor. — Repetiu insistente enquanto Lee abria a porta do carro para ele. — E faça silêncio durante a viagem, sim?
— Hm... Ok. — Lee se acomodou no banco do motorista e saiu do estacionamento. Era difícil ficar calado perto de Victor, tanto que chegava a ser engraçado, mas era inevitável. Por exemplo, naquele exato momento Lee podia ver o patrão pelo retrovisor cobrindo os olhos com os dedos longos de uma mão. Ele sempre fazia isso, toda santa vez que saiam de carro; era como se não quisesse olhar a paisagem que passava pela janela, ou pior, que sequer suportasse.
— Obrigado. — Ele não esperou Lee para sair do carro. Parecia estar com pressa. — Venha me buscar às nove.
— É uma festa, não? — Lee pôs o cotovelo para fora da janela. — Por que só não liga quando estiver cansado e aproveita o baile sem se preocupar com o tempo?
— Às nove, Lee. — Falou com ar de enfadado, lhe dando as costas.
Fez um bico que ninguém viu e girou o volante. Às nove. Até lá não dava pra fazer muita coisa além de passar um pano nos móveis da casa, mas fazer o quê.
Normalmente tudo acabava acumulando uma camada fina de poeira em pouco tempo pelo fato de: Victor mal tocava nas próprias coisas, exceto no seu escritório. Lá tinha mais o que organizar do que limpar, principalmente os livros. Lee estava ali a poucos meses e já tinha percebido que Victor não só lia muito como trocava seus livros; estava sempre sentindo falta de uns e achando novos. Ver que Victor não era dado a colecionismo apesar de ser uma traça o surpreendia de certa forma; o patrão vivia lhe pedindo café e noventa por cento das vezes que ele entrava com a bandeja Victor estava lendo. Às vezes em pé, às vezes sentado em alguma poltrona, às vezes com as pernas esticadas num divã, às vezes debruçado sobre a mesa.
"Talvez por isso eu o ache tão estranho", pensava enquanto devolvia uma pilha de livros largada no tapete de volta para a estante. Se fosse herdeiro de todo o dinheiro e conforto do Conte ele estaria se divertindo àquela hora, viajando à beça, conhecendo gente nova... Não que estivesse reclamando, mas não se imaginava agindo como Victor em tal situação de privilégio. Tipo, o cara simplesmente assumiu a editora da família e nos tempos livres decidiu atuar na área de psicologia. Aquilo era muito, muito além da cabeça de alguém de vinte e cinco anos... Não era?
Nove horas. "Talvez eu que seja muito superficial pra minha idade", pensou, entrando no carro.
— Como foi a festa?
— O de sempre. — Victor respondeu cansado, já se recostando no banco e cobrindo os olhos. — Nós podemos passar num lugar antes de voltar?
— Ah... Claro. Onde é?
Num cemitério. Sim, Victor quis passear no cemitério às nove da noite antes de ir para casa. Ficou dentro do carro, olhando Victor dando voltas pelas lápides, e ele parou na frente de umas trinta, sem brincadeira. Ficou mesmo sabendo que Conte tinha muitos parentes mortos, mas tantos assim? Começou a contar os próprios tios e primos nos dedos. Não deu nem metade e mesmo assim... Todo mundo morto? Sério?
— Podemos ir. — Victor entrou no carro, assustando-o um pouco.
— Am... — Ele deu a ré. — O senhor está bem?
— Melhor impossível, por quê?
— Sei lá, talvez porque não estamos saindo de uma lanchonete.
— O velório é para os vivos, Lee. — Sim, ele falava coisas daquele tipo, Lee já estava quase completamente acostumado. — Eu estou bem, só dirija.
Como sempre, voltaram calados. Lee normalmente tentava puxar assunto, mas Victor não dava muito bola; por mais que dissesse que não, ele se saía muito bem agindo como seu superior.
— Vou pegar água pro senhor. — O ajudou a tirar o paletó.
— Vinho. — Ele tirou as luvas e deu para Lee, afrouxando a gravata.
— Ah... Certo. — Achou melhor não contestar; aquilo era outro hábito estranho do Conte, o primeiro ser humano que Lee conheceu que ingeria uma quantidade exorbitante de bebida alcoólica sem dar um soluço sequer. Por exemplo, era a sexta vez que ele estava passando pela sala para encher a taça de Victor e ele sequer se movia de posição no sofá.
— Lee, você pode ir dormir. — Ele falou com a testa apoiada na mão.
— Essa é a segunda garrafa que o senhor esvaziou. — Respondeu, como se não tivesse sido dispensado. Sabia que ele ia ficar ali bebendo até amanhecer, e não sabia exatamente o porquê, mas meio que não queria deixar acontecer.
— E qual o problema?
— Bom... O senhor entornou sozinho duas garrafas de vinho, talvez seja esse o problema.
— Você quer beber comigo? — Victor finalmente ergueu a cabeça e encarou-o nos olhos.
— O quê?! — Sentiu um calafrio.
— Disse que é um problema eu beber sozinho, então suponho que queira me fazer companhia.
— Eu disse que é um problema beber duas garrafas... Não que... Beber sozinho também não seja... Olha. — Balançou a cabeça, tentando se livrar da repentina confusão mental. — Tá tudo errado nesse seu hábito de beber litros sozinho tarde da noite, apesar de não ficar bêbado.
— Verdade? — Ele recostou no sofá, brincando distraído com uma gota de vinho que sobrou na sua taça. — Eu bebi assim toda a vida...
— Ha ha... Sei... — Voltou para a adega, pegando mais uma garrafa e uma taça pra si, meio sem pensar.
— O que é engraçado?
— Nada... É que você falou de um jeito... — Se sentou na poltrona do outro lado da mesa redonda, servindo vinho para os dois. — "Toda a vida"... Nós somos novos, sabe?
— Ah, é mesmo. — Falou como se precisasse se lembrar daquilo.
— Eu... Posso mesmo beber com o senhor?
— Se parar de me chamar de senhor.
— Certo, então vamos brindar a quê? — Pegou sua taça e ergueu. — A uma boa noite de sono?
— Hu... — Conte sorriu de lado, erguendo também sua taça e tocando a borda na da de Dante. — A uma boa noite de sono.
— Bom. — Lee sorriu, seus olhos virando dois riscos acima das bochechas redondas. Victor desviou rápido os olhos para sua taça ainda cheia de vinho, vermelho ao refletir o luar que entrava pela janela aberta. Tão vermelho quanto os cabelos do rapaz à sua frente.
— Qual a cor dos seus cabelos? A natural? — Perguntou.
— Pretos? — Lambeu os lábios. Aquele vinho era muito seco. — Como os cabelos de todo descendente de coreano? — Riu.
— Por que vermelho?
— Não sei. — Tomou mais um gole de vinho. — Quis experimentar.
— Você é jovem. — Lee lambeu os lábios de novo. Desviou o olhar. — Gosta de experimentar coisas novas.
— Ei! — Pôs a taça vazia na mesa. — Nós dois somos jovens, lembra? E eu sou mais velho que você, pra variar.
— Está nervoso?
— Não, você que está bêbado; por que sempre fala comigo como se fosse meu pai e ainda por cima pede pra eu não te chamar de senhor?
— Eu não estou bêbado, você está.
— Eu não... — Soluçou. — Ah, droga...
— A uma boa noite de sono. — Victor riu e se levantou do sofá.
Miguel, de repente, se sentó, sonriendo con sarcasmo.—¡Muy bien dicho, debiste morirte tú!Cuando Miguel se fue, le advirtió a Rodrigo que reparara mi tumba, o usaría todas sus conexiones para destruir la familia Pérez.No sé qué pensó Rodrigo. Estuvo tirado en el suelo por mucho tiempo. La brisa nocturna le levantaba el cabello de la frente, lo que me recordó a la vez que acampamos juntos. Esa noche, las estrellas brillaban más que las de esta noche.Fue esa noche cuando Rodrigo me dijo, de la nada:—Isabel, ¿quieres ser mi esposa?Del gusto al amor, y del amor al odio, solo pasaron cinco años, fue todo demasiado rápido.Rodrigo se levantó de repente, mordió su dedo y escribió en la lápida: Rodrigo Pérez e Isabel Bravo, tumba de dos esposos.Luego, Rodrigo se metió en el hoyo que él mismo había cavado, sonrió con alivio, sacó un cuchillo y se cortó las venas de la muñeca.Vi cómo la sangre fluía de su muñeca. Sentí que no era correcto.No sé si fue una ilusión, pero Rodrigo estaba mi
Durante dos meses exactos, Rodrigo llevó una vida vacía y sin rumbo. Comenzó a salir con más frecuencia, y siempre regresaba deprimido.Mi alma se iba debilitando cada vez más, incapaz de soportar la luz del sol, así que no sabía qué hacía Rodrigo cuando salía.Hasta que una noche, Rodrigo salió, y lo seguí. Llegamos a un cementerio.En una lápida con mi foto, vi las palabras escritas en ella: Esposa de Miguel Cortés, tumba de Isabel Bravo.Fue entonces cuando me di cuenta de que, en efecto, Rodrigo había estado buscando mi tumba, pero al ver aquella lápida, tanto él como yo quedamos sorprendidos.Rodrigo estaba furioso, y yo solo sentía un dolor amargo.Para ser sincera, Miguel y yo no teníamos nada, ambos sabíamos que lo nuestro nunca podría ser, así que aprisionamos aquel sentimiento en lo más profundo de nuestros corazones.Fue la aparición de Rodrigo lo que me hizo olvidar mi primer amor. Me siento mal por Miguel, quien fue de las pocas personas que me dio su bondad sin esperar na
Después de la muerte de Estrella, Rodrigo no mostró mucha reacción, solo le dijo a la persona que le informó que ya se había enterado.Después de todo, Rodrigo estaba más preocupado por encontrar mi cadáver, pero, aunque lo encontrara, ¿qué cambiaría eso?Rodrigo revisó todo en la casa hasta que, por fin, dio con el número de Miguel.Cuando lo llamó, Rodrigo preguntó con ansiedad.—¿Dónde anda metida Isabel?Miguel parecía estar mucho más tranquilo. Sin decirle groserías ni cuestionar a Rodrigo, solo le respondió, resignado.—La verdad, pensé que nunca volverías a pensar en Isabel, después de todo, estás muy ocupado cuidando a tu supuesto primer amor. Pero, al parecer, la muerte de Isabel aún puede despertar tu conciencia, ¿no?Pero Rodrigo no escuchó ni una palabra de eso y repitió la pregunta.Miguel solo le respondió.—Si tienes huevos, ven a buscarla tú mismo, pero yo creo que Isabel no quiere verte ni muerta.Y estaba en lo cierto, yo no deseaba ver a Rodrigo.Ese hombre que nunca
Después de que Rodrigo escuchó lo que dijo la enfermera, se quedó sin saber que hacer por un buen rato.Quizás recordó la última llamada desesperada que le hice desde la mesa de operaciones, o tal vez recordó el momento en el que Miguel pasó a su lado llevando mi cadáver.Rodrigo salió corriendo como un maniaco, pero fue directo a Estrella.Y yo solo pude reírme. Pensé que, al menos, Rodrigo se sentiría culpable al enterarse de mi muerte, pero para él, aunque yo muriera, no significaba nada comparado con Estrella.Cuando llegó al apartamento, la puerta estaba entreabierta. Rodrigo se detuvo por unos instantes, había escuchado unos ruidos provenientes de dentro.—¿Hasta cuándo van a seguir con esto? ¿Acaso no le di ya el dinero? Si siguen así, voy a llamar a la policía.La voz de Estrella resonó, y Rodrigo intentó abrir la puerta por instinto. Apenas tocó la perilla, uno de los tipos dentro se burló.—¿Cree que con solo veinte mil nos va a hacer callar? ¿No te has dado cuenta de que a q
—Rodrigo, volvamos a empezar, yo haré como si nunca me hubiera casado, tú actúa como si yo nunca te hubiera traicionado, de verdad te amo.Estrella vio que Rodrigo tenía una expresión seria, así que calmó su tono.Estrella era experta en consolar a Rodrigo, y él siempre caía en su juego.Por otro lado, yo, cuando Rodrigo se enojaba, aunque yo hiciera de todo para que me tratara bien, él nunca me mostraba una sonrisa.Es obvio cuando alguien te ama, y es aún más obvio cuando te deja de amar, pero yo fui tan tonta que solo entendí eso después de morir.Ese hombre, que nunca me sonreía, siempre fue tan amable con otra. Incluso sus principios cambiaban por completo por Estrella.Mi corazón estaba lleno de un dolor pesado, ya ni me importaban las mentiras de Estrella o si Rodrigo me despreciaba.—Acabas de salir del hospital, mejor descansa.Rodrigo empujó a Estrella y no respondió directamente a su pregunta, simplemente se dio la vuelta y se fue.Después de que Rodrigo se fue, Estrella emp
Después de que Rodrigo y Estrella estuvieran juntos en la clínica durante un mes, fue el mismo Rodrigo quien la recogió cuando le dieron de alta.Comparado con mi muerte, donde solo Miguel vino a verme, la habitación de Estrella estaba llena de gente. Todos sus familiares y amigos se amontonaban dentro de la habitación, y cuando Rodrigo apareció, todos en el cuarto se alegraron. —Rodrigo, ¿cuándo le vas a pedir matrimonio a nuestra querida Estrella? Te ves muy preocupado por ella. De veras, nuestra Estrella es bastante afortunada.Estrella bajó la cabeza tímidamente, su voz era tan baja que apenas se podía escuchar.—No digan esas cosas, Rodrigo ya está casado, no quiero que Isabel malinterprete nada, no quiero ser la tercera en la relación de ellos, si no, ella me hará la vida imposible.Uno de los amigos de Estrella respondió con sarcasmo.—Esa mujer celosa y casi sin corazón, ¿qué tiene ella de bueno? Rodrigo te ama a ti, no a ella, ¿qué tanto puede hacerte? Si yo fuera él, ya le h
Último capítulo