O tempo escorreu entre meus dedos sem que eu notasse, e aquele menino vizinho já havia se transformado em Caio. Desde sua chegada ao apartamento ao lado, meus dias ganharam cores e risadas que há muito não experimentava. Compartilhávamos momentos que pareciam escritos pelo destino, sessões de cinema, jantares improvisados e escapadas de fim de semana, como se fôssemos almas antigas que o universo, por capricho, decidiu reencontrar.
A sintonia entre nós floresceu tão naturalmente que, sem alarde, minhas preferências e manias já habitavam os lembretes do celular dele. Durante meus dias de TPM, Caio surgia com uma bebida quente e doce nas mãos, gesto que, por breves segundos, sobrepunha sua silhueta à de Daniel. Mas a verdade que meu coração conhecia era clara. Eles eram águas de rios diferentes. Caio carregava uma doçura quase evidente, jamais elevava a voz mesmo quando o mundo parecia conspirar contra. Ele também já havia me confidenciado que seu coração batia por alguém especial.
Quand