Vi meu irmão aprisionado dentro do tanque de água. Ele tem apenas dez anos, ainda não aprendeu a se transformar em humano e está lutando na água com sua cauda de peixe.
— Irmã, me ajude! — Ele batia desesperadamente no vidro, com lágrimas escorrendo por seu rosto enquanto fazia um apelo.
Emily notou a cena, seus olhos se moveram e um sorriso enigmático surgiu em seus lábios.
— Então ele é seu irmão? Que fofo. Vamos começar por ele.
Dois guardas imediatamente obedeceram à ordem, puxando meu irmão para fora do aquário e posicionando seu peito contra a ponta da faca de Emily.
Não pude mais suportar. Caí de joelhos e comecei a bater a cabeça no chão, implorando a Emily. — Por favor, Emily, por favor, solte meu irmão! Ele foi adotado pelos meus pais, não pertence à realeza das sereias. Minha pérola de sereia é branca, pode usá-la!
A faca de Emily desceu lentamente, fazendo um corte no peito do meu irmão.
— Mas você sempre gostou de mentir. Quem sabe se não está me enganando de novo?
— Ver para crer, garoto. Primeiro vou tirar sua pérola, depois a de Marina... Ah! O que você está fazendo?! — Meu irmão de repente se libertou dos guardas e mordeu a mão de Emily!
— Não machuque minha irmã! — Num instante, meu irmão foi lançado para longe por Cyrus, que chegou às pressas. Seus dentes caíram da boca e pararam ao meu lado.
Cyrus abraçou Emily para acalmá-la, seus olhos quase transbordando de raiva.
— Marina! Vocês já prejudicaram meus pais, agora querem machucar a Emily também?
Chorando e balançando a cabeça, eu coloquei meu irmão atrás de mim para protegê-lo. — Por favor, deixem meu irmão em paz, estou disposta a ser punida em seu lugar, podem me matar.
— Se cale! — Cyrus riu com raiva. — Eu não te disse antes? Se você me disser onde estão meus pais, não só pouparei ele, mas também você.
De novo.
Senti como se tivesse perdido todas as forças e, pela primeira vez, olhei para Cyrus com ódio.
— ...Você realmente não sabe de nada.
— Eu te disse que, quando chegar a hora, mesmo sem eu dizer, você saberá onde estão seus pais. Por que você insiste em me pressionar e em machucar minha família?!
— Cyrus, eu te odeio! — Cyrus não ouviu, virou a cabeça, se recusando a encontrar meus olhos.
— Se você não quer falar, tudo bem. Seu irmão vai pagar por você! — Tudo aconteceu tão rápido. A faca afiada perfurou diretamente o coração do meu irmão. Eu ouvi o som da pérola de sereia quebrando.
O corpo do meu irmão esfriou e endureceu rapidamente.
Sua alma foi destruída, e ele morreu completamente.
Me sentei no chão, com a mente vazia, incapaz de pensar.
Emily fingiu me ajudar a levantar, mas quando se aproximou, se jogou no chão.
Ela segurou a barriga, chorando e me acusando:
— Marina, por que me empurrou? Eu só estava brincando, e seu irmão tentou arrancar minha mão. Agora você também quer matar meu filho?
Meu coração parecia ter um buraco, deixando o vento frio passar por ele.
Não sabia o que dizer, pois não importa o que eu dissesse, Cyrus não acreditaria em mim.
Então, com voz rouca, eu respondi:
— Sim. Eu quero machucar todos vocês. Podem me executar.
Cyrus ficou irritado com minhas palavras e rangeu os dentes, querendo me punir, mas Emily entrou em trabalho de parto naquele momento.
Ele me lançou um olhar sombrio e disse:
— Quando Emily der à luz em segurança, você pagará o preço!
Ao vê-lo se afastar ansioso, esbocei um sorriso amargo.
Não esperarei até esse dia; logo estarei morta.
Fui arrastada para um porão escuro e úmido.
O quarto acima de mim era a sala de parto temporária de Emily.
Ela deu à luz por um dia e uma noite, enquanto eu fiquei presa no porão pelo mesmo período.
No começo, eu ainda podia ouvir os gritos de dor de Emily durante o parto; depois, não ouvi mais nada.
Perdi toda a percepção e meu corpo gradualmente ficou leve...
Finalmente, Emily deu à luz em segurança e Cyrus suspirou de alívio.
Um guarda veio correndo, inquieto, e disse:
— Rei Alfa, seus pais voltaram!
Cyrus, incrédulo, correu até a entrada da alcateia e viu que eram de fato seus pais.
Seus pais tinham expressões ansiosas, e a primeira coisa que disseram foi:
— Marina está com você? Leve-a para a praia rápido, ela vai morrer sem água!
A respiração de Cyrus parou e seu coração começou a se encher de pânico.
Mas ele ainda usou um tom indiferente e disse:
— Pai, não brinque, sereias não morrem. Ela acabou de machucar Emily, eu a tranquei no porão.
O pai de Cyrus ficou chocado e lhe deu um tapa forte:
— Seu idiota! Pare de falar besteira e nos leve ao porão!
Cyrus se lembrou de minha atitude nos últimos dias e um pressentimento ruim tomou conta dele.
Ele desacelerou o passo, respirou fundo algumas vezes antes de abrir a porta do porão com rigidez.
— Pai, mãe, vejam, Marina está bem, não está? — Seus pais olharam para dentro e começaram a chorar em desespero. Cyrus se virou e viu que eu já tinha me transformado em espuma, com metade do meu rosto desaparecido.