Pablo também negou, assim como eu, observando-a comer o bolo com as mãos.
E sim, a doida comeu todo o bolo. Claro que era pequeno e dava no máximo umas três fatias de torta comum. Quando acabou, ela suspirou e limpou a boca com o guardanapo que continha o número que a garota tinha me dado, sem sequer perceber que tinha algo anotado.
- No fim, era só um bolo comum com merengue por cima – reclamou – Pelo preço que a gente paga este camarote devia ter ao menos um recheio, não acha? – Me olhou.
Eu só ri.
- Eu gosto de coco, amendoim, leite condensado, daqueles que se cozinha na panela de pressão.
Eu detestava coco. E comia amendoim uma vez na vida e outra na morte. Leite condensado na panela de pressão? Aquilo era possível?
- Você não gosta de falar? – Ela me questionou – Está economizando a voz?
- Eu gosto.
- Então por que não fala?
- Porque você fala por nós dois.
- Todo mundo diz que eu falo demais.
- Não imagino o motivo... – Ri.
- Agora me leva embora, Pablito? Mí casa! – O “Mí casa”