Capítulo 5: Bella

Bianca

A pergunta surgiu sem aviso, fazendo meu coração acelerar. Por mais que tente me convencer, uma parte de mim – uma parte pequena, mas teimosa – lembra o que aconteceu entre nós... Pior, imaginava se aconteceria de novo...

— Não! — disse em voz alta, como se pudesse me convencer. — Não! Não! Não!

Respirei fundo e contei até dez. Posso consertar isso. Tudo o que preciso é um pouco de sorte e muita cara de pau. 

Peguei um pano limpo e um frasco de removedor de manchas do armário, tentando focar na tarefa simples: limpar o café que derramei na camisa dele.

Quando abri a porta pra sair, quase colidi contra um peito sólido.

— Desculpe — murmurei, recuando instintivamente.

E então olhei para cima e minhas pernas tremeram.

Lucky, na minha frente, tão perto que sinto seu perfume – madeira e algo mais profundo, intoxicante. Seus olhos escuros me observaram com uma intensidade que fez minhas pernas fraquejarem ainda mais.

— Tudo bem? — perguntou, a voz suave como seda.

Engoli seco.

— Tudo ótimo — menti, segurando o pano como se fosse um escudo. — Peguei... pra limpar sua camisa...

O sorriso lento de Lucky fez meu estômago dar um giro completo. Ele olhou para o pano em minhas mãos e depois para o meu rosto, como se estivesse lendo cada pensamento desesperado que cruzava minha mente.

— Não se preocupe com a mancha — disse, a voz mais baixa do que o necessário.

Eu forcei um sorriso profissional, tentando ignorar como seu perfume envolvia meus sentidos, trazendo memórias da noite anterior que deviam ser enterradas.

— Tem a apresentação... para os... hum, funcionários... — argumentei gaguejante, balançando o pano em meio ao meu desespero. — Não pode aparecer assim...

Antes que ele pudesse responder, estiquei a mão e toquei levemente a mancha na camisa branca. O tecido fino não escondia o calor da pele dele, e meus dedos tremeram ao sentir os contornos duros dos músculos por baixo. Exatamente como eu me lembrava.

Um rubor quente subiu pelo meu pescoço quando as memórias invadiram minha mente sem permissão. Suas mãos em meu corpo, minha boca em seu pescoço, a maneira como ele...

— Você deveria trocar de camisa — disse abruptamente, recuando como se tivesse sido queimada.

Lucky sorriu.

— Boa ideia. Mas não tenho nenhuma outra.

— Tem camisas extras no armário do banheiro — continuei, apontando para a porta atrás de mim sem conseguir olhá-lo nos olhos. — Comprei para o seu avô.

— Não acho que as roupas deles servirão em mim — ele comentou, me fazendo olhar para aquele corpo grande e forte. Bem diferente dos outros Hart que conheço.

Tudo nele era diferente. Era uma versão maior, mais forte e bronzeada dos Hart.

— Eh... Vou pegar e ajustamos... — pronunciei desesperada para tirar minha atenção dele. — Vai ter de tirar essa que usa — comentei, abrindo o armário em que deixei as peças. — Pronto...

Quando me virei, o mundo parou.

Lucky estava totalmente e impressionantemente sem camisa. Seu torso uma obra de arte esculpida em músculos.

— Você disse para trocar de camisa — ele lembrou, a voz carregada de diversão ao ver minha expressão.

— Eu... você... podia ter esperado eu sair! — consegui articular, desviando os olhos para o teto, as paredes, qualquer lugar que não fosse aquele torso forte.

— Só estou obedecendo suas ordens, bela.

A palavra ecoou no banheiro como um trovão.

"Bela."

Exatamente como ele tinha murmurado na noite anterior, entre um beijo e outro, enquanto suas mãos percorriam meu corpo. Meu coração deu um salto tão violento que achei que ia sair pela boca.

— Não me chame assim — saiu mais áspero do que eu pretendia, enquanto recuava um passo, como se a distância pudesse me proteger. — Meu nome é Bianca.

Lucky sorriu, aquele sorriso lento e perigoso que fazia meu estômago se encher de borboletas. Seus olhos escuros brilharam de divertimento enquanto ele pegava a camisa que eu segurava em minhas mãos trêmulas.

— "Bella" é só um jeito carinhoso — explicou, a voz suave como veludo. — Significa bonita em italiano.

Antes que eu pudesse reagir, ele levantou uma mão e tocou meu rosto, os dedos roçando levemente minha pele ao empurrar um cacho rebelde para trás da minha orelha. O contato foi rápido, mas suficiente para fazer meu corpo inteiro tremer como uma folha no vento e pegar fogo.

— Nas nossas conversas, não imaginei que você fosse tão tímida — continuou ele, estudando cada microexpressão do meu rosto como um cientista observando uma experiência fascinante.

Eu engoli seco, forçando-me a recuperar o controle.

— Não sou tímida — retruquei, cruzando os braços na frente do corpo como uma barreira frágil entre nós. — Só profissional. E como sua assistente, recomendo que vista a camisa.

Lucky riu baixinho e pegou a camisa, nossos dedos se tocando por uma fração de segundo, um choque elétrico percorrendo meu corpo.

— Como mandar, bella — murmurou, enfatizando o apelido como um desafio.

Assistir Lucky vestir a camisa foi uma tortura divina. Cada músculo do seu torso se movia sob a pele enquanto ele abotoava cuidadosamente cada botão, escondendo aquela visão proibida com movimentos lentos, deliberados, como se estivesse me dando tempo para olhar, de lembrar como foi explorar aquela pele com minha língua.

— Melhor? — perguntou ele, ajustando as mangas, curtas para seus braços, assim como os botões pareciam prestes a explodir.

Tentando ignorar como minha boca estava seca, acenei com a cabeça, incapaz de confiar na minha voz.

— Ainda falta a gravata — ele disse tirando a gravata de seda do bolso, depois olhou para mim, um brilho malicioso nos olhos. — Me ajuda?

Puxa vida!

— Não sou sua babá — consegui murmurar.

Ele pegou minha hesitação no ar com reflexos de predador, os lábios se curvando num sorriso lento.

— Pena. Você seria ótima no papel.

Meu rosto pegou fogo. Era exatamente o que ele queria.

— Seu avô te espera — mudei de assunto abruptamente, escancarando a porta do banheiro.

Lucky finalmente pareceu levar a sério, mas não sem antes estender a gravata para mim, um desafio silencioso nos olhos.

Respirei fundo.

Meus dedos tremeram ao pegar a seda fria, os nós dos dedos roçando contra o pescoço dele. A pele quente, o pulso acelerado sob meus toques.

— Você faz isso sempre? — ele murmurou, o hálito quente batendo no meu rosto enquanto eu trabalhava o nó.

— O quê?

— Arruma homens que não conhece?

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