THIAGO
Depois da visita da Carla, tudo ficou meio fora de eixo. Mirela não disse muita coisa, mas eu conheço cada suspiro dela, cada olhar meio distante, cada sorriso que tenta disfarçar insegurança. A presença daquela mulher mexeu com ela. Não por ciúmes baratos, mas porque tocou num ponto sensível: o medo de não ser o suficiente. E isso, meu Deus, isso me matou por dentro.
Eu precisei fazer alguma coisa. Não com palavras, porque eu já tinha dito que era ela. Mas palavras voam, se perdem no vento. Eu precisava mostrar, provar, deixar tatuado na rotina dela que é ela, sempre foi ela, e não existe um só mundo onde eu escolheria diferente.
Naquela noite mesmo, depois que colocamos o Lucas pra dormir, eu fui atrás do celular. Apaguei tudo. Não deixei uma migalha do que fui antes dela. Carla? Bloqueada. Número? Excluído. Mensagens antigas? Nada restou. E eu não fiz isso escondido. Chamei Mirela, sentei com ela no sofá e, com o celular na mão, fui mostrando.
— Olha aqui — falei abrindo os