MIRELA
Acordei com a luz invadindo meu quarto e o som abafado de passos no corredor. Espreguicei devagar, sentindo a pele arrepiar com o vento leve que entrava pela janela aberta.
Meu corpo estava estranho… como se eu tivesse dormido num lugar diferente. A cabeça meio zonza. Vesti um short e uma camiseta e saí do quarto puxando os fios embaraçados pro alto num coque malfeito.
Thiago estava na cozinha.
De costas pra mim, sem camisa, só de bermuda de moletom. Os músculos das costas se contraíam enquanto ele passava manteiga no pão, com uma calma que não combinava com a tensão que pairava no ar.
— Bom dia — falei, arrastando os chinelos até a bancada.
Ele virou devagar.
O olhar dele demorou um segundo a mais no meu corpo.
— Dormiu bem? — perguntou com a voz rouca, como se a garganta ainda carregasse a noite inteira.
— Acho que sim… — cocei a cabeça. — Tive uns sonhos muito doidos, ou... sei lá, nem lembro direito.
Ele ficou em silêncio por alguns segundos, olhando pra mim como se estives