CAPÍTULO XXII
TRANÇANDO OS FIOS
Aluxuosa liteira usada pela princesa Beatriz Sombradourada viajava sem sacolejos. Os homens que a carregavam, fortes e disciplinados, davam seu suor em troca de proporcionar uma viagem agradável, mas com as cortinas fechadas, o calor rodopiava dentro da cabine sem ter por onde escapar, preço pago pela vontade da princesa em passar incólume, como uma nobre qualquer a pagar pelo caro serviço de transporte.
A guarda pessoal de Beatriz seguia a certa distância, disfarçada em meio à multidão. Era formada por dois homens da coroa e dois guardas que a acompanhavam desde a infância, ainda no ducado de seu pai.
Seu destino era a Baixada dos Artesãos. Aquele encontro já não podia mais ser adiado.
Após uma leve batida na lateral da cabine, os homens pararam e baixaram a liteira. Beatriz desceu num farfalhar de panos. Suas roupas destoando dos passantes. Trajava um belo e caro vestido de seda verde. Uma enorme esmeralda pendia num colar. Embora não quisesse chamar