CAPÍTULO XXXIII
DANÇA DE ESPADAS E MENTIRAS
Luther escrutinava suas lembranças. Esquadrinhava cada partícula das memórias que conseguiu enfileirar, mas em nenhuma delas vislumbrou o vazio que sentia agora. Se havia algo realmente inédito em sua vida, era a solidão. Ainda não sabia como lidar com um inimigo capaz de golpes tão baixos e indefensáveis.
Estava debruçado sobre o beiral de uma ponte. Observava a água que corria ruidosa para dentro dos lençóis subterrâneos. O movimento das ruas havia se extinguido quase por completo. Apenas uma ou outra pessoa passava por ele, desconfiadas, logo se afastavam, seguindo para o rumo de suas vidas.
Os pensamentos do rapaz sempre se voltavam para Caleb. Imaginava se o amigo estava bem, se conseguiria realmente se adaptar à vida entre as frias paredes do Arcanum e, principalmente, se ele permaneceria o mesmo. Luther temia que Caleb pudesse se tornar alguém como Vikram, desprovido de emoção, mas logo afastou aquele pensamen