CAPÍTULO XIII
RAÍZES
Assim que colocou os olhos no velho amigo, Vikram foi tomado de súbito por um levante de lembranças tão vívidas que pareciam pertencer a dias e não décadas atrás, quando Martan ainda possuía alguns cabelos negros e as demais marcas da idade ainda não tinham reivindicado as suas posses. O próprio Vikram, à época, era apenas um jovem recém-tornado homem, que havia encontrado todas as dificuldades que o mundo poderia impor à vida de um órfão nas ruas.
Com apenas sete anos, fora o único sobrevivente de um naufrágio. As memórias de sua vida antes daquele dia trágico foram tragadas pelo trauma do mar bravio e pelas pancadas na cabeça, recebidas no convés que parecia indeciso sobre para onde arremessar os tripulantes.
A noite da tormenta era nada mais que flashes indistintos, que cortavam o véu de sua mente como facas afiadas. Lembrava-se da água salgada no rosto, do chão de madeira balançando sob os pés, o vento forte e as ondas jogando as pessoas de um lado para outro.