Laura Martins:
— Você ainda quer ficar aí, sabendo que está ao lado de um assassino?
A pergunta é um desafio, uma prova de fogo para o que sinto por ele. Mas ao invés de me afastar, sinto-me compelida a me aproximar ainda mais.
— Você estava bêbado? — Indago, tentando manter minha voz estável. Ele nega com a cabeça. — Então nessa história tem mais coisas que você não quer conta — digo, a certeza crescendo dentro de mim. Ele parece atordoado, como se eu tivesse lido um segredo guardado a sete chaves. — No hospital, naquele evento, uma senhora se aproximou de nós e eu não pude ignora o rancor nos olhos dela ao mirarem em você, ela é a mãe da sua falecida esposa, não é?
Ele suspira, desviando o olhar do meu.
— Sim — responde. — Ela me culpa, eu também me culpo, assim como todos ao meu redor. E todos tem razão, distraindo enquanto gritava com ela, eu não vi que fui para a contramão.
O ar ao nosso redor parece congelar, e a gravidade da confissão pesa sobre nós. Sinto as lágrimas queimarem