(Visão de Lorena)
Quando saímos do restaurante, já estava tarde e a rua estava praticamente deserta. O barulho da chuva foi a primeira coisa que me atingiu, e eu automaticamente parei na porta, surpresa.
— Ah, ótimo… — murmurei, olhando para o meu carro do outro lado da rua, uns trinta metros adiante.
Rafael deu uma olhada rápida para o céu e depois pra mim.
— Eu vou buscar um guarda-chuva ali na recepção, espera um segundo.
Assenti, mas antes mesmo de eu respirar direito, senti a mão dele envolver a minha e, do nada, ele me puxou pra chuva.
— Rafael?! — dei um gritinho, rindo ao mesmo tempo. — Você ficou maluco?
Ele só riu, aquela risada livre, quase juvenil, que eu nunca tinha visto nele. A água caía pesada sobre nós, deixando meu cabelo grudado no rosto, encharcando meu vestido… e ainda assim, eu estava sorrindo.
Chegamos na calçada do outro lado, e ele parou, fechou os olhos e ergueu o rosto pra chuva.
— Sente — ele disse, como se aquilo tivesse todo um significado escondido.
Fiqu