(Visão de Lorena)
Assim que o carro parou em frente ao prédio, senti um peso familiar cair sobre os ombros. De fora, o lugar parecia o mesmo de sempre com o hall limpo, as plantas na portaria, o porteiro acenando com aquele sorriso simpático mas, por dentro, algo já não encaixava mais.
Meu pai desceu primeiro, olhou ao redor e soltou um suspiro pesado.
— Tem certeza disso, filha? — perguntou, apoiando as mãos nos bolsos. — Ainda dá tempo de ficar mais uns dias lá com a gente.
Balancei a cabeça, forçando um sorriso.
— Tenho sim, pai. Eu preciso voltar pra rotina, pro trabalho... e Alana já vai começar as aulas.
Ele assentiu devagar, como quem não estava totalmente convencido, mas respeitava. Se aproximou, segurou meu rosto com carinho e beijou minha bochecha.
— Tudo bem. Mas qualquer coisa, você me liga, tá? Eu venho correndo, do jeito que for.
Senti um nó se formar na garganta.
— Eu sei, pai. Obrigada. — O abracei com força, tentando esconder a vontade de pedir pra ele ficar mais u