Capítulo 7
As palavras de Lorena pairaram no ar, congelando por alguns segundos, até que o silêncio foi quebrado como uma camada de gelo que se despedaça subitamente.

Murilo a empurrou com força, gritando furioso:

— Até quando você vai continuar inventando essas mentiras?

Lorena cambaleou, quase caindo. Ela abaixou a cabeça, soltando uma risada amarga:

— Você nunca acredita em mim. Mas tudo bem, a confiança entre nós já se foi há muito tempo.

Murilo a encarou com intensidade, seus ombros tremendo de raiva. Ele parecia querer dizer algo, mas as palavras não saíam. Então, após um breve momento, ele respirou fundo e, com um sorriso sarcástico, disse:

— Tudo bem. Se é assim, então no sexto dia eu assino o divórcio.

Sem esperar uma resposta, ele segurou o braço de Agatha e saiu, arrastando-a consigo.

— Murilo, por favor, acredite em mim! — Gritou Lorena, correndo atrás deles.

Mas ela foi barrada pela porta automática da empresa. Com o impacto, ela caiu no chão. O salto de seu sapato quebrou, e um estalo seco indicava que seu tornozelo havia se torcido.

Lorena soltou um gemido abafado de dor, mas ignorou o incômodo. Ela olhou para a recepcionista com os olhos cheios de súplica:

— Por favor, abra a porta para mim.

Antes que a recepcionista pudesse responder, a voz fria de Murilo ecoou pelo hall:

— Não deixem ela entrar!

Ele continuou andando, mas, ao olhar para trás e ver Lorena caída no chão, sua expressão endureceu. Por um breve instante, um brilho de preocupação passou por seus olhos.

Agatha, percebendo o olhar dele, imediatamente começou a encenar. Ela puxou a camisa de Murilo e, com uma voz delicada, disse:

— Murilo, meu rosto ainda está doendo... Você pode ver se ficou inchado?

Murilo desviou o olhar de Lorena, abaixou-se e soprou suavemente a bochecha de Agatha:

— Vamos para o escritório. Vou pegar gelo para aliviar.

Agatha mordeu os lábios, com lágrimas prestes a cair:

— E a Lorena...?

Murilo olhou para o rosto dela, que parecia tão frágil e vulnerável, e tomou uma decisão. Ele endureceu o coração e ordenou com firmeza:

— De agora em diante, ninguém deixa Lorena entrar neste prédio sem a minha permissão!

Lorena observou os dois interagirem, como se uma faca estivesse sendo cravada repetidamente em seu peito. Lágrimas escorriam por seu rosto enquanto ela gritava:

— Murilo, será que você pode acreditar em mim uma única vez? Eu só tenho mais cinco dias!

Mas ele não olhou para trás. Sem dizer mais nada, Murilo entrou no elevador com Agatha, deixando Lorena para trás.

O silêncio tomou conta do ambiente. Lorena sentiu os olhares de todos os funcionários pesando sobre ela, como agulhas invisíveis perfurando sua pele. No entanto, ela não sentiu dor. Apenas um vazio gelado que parecia consumir tudo ao seu redor.

Depois de algum tempo, ela se levantou com dificuldade e saiu do prédio, tropeçando e mancando.

Do lado de fora, o céu estava cinzento e carregado. Perto do ponto de ônibus, duas garotas cochichavam enquanto olhavam para o edifício do Grupo Azevedo.

— Eu lembro que antes passavam o vídeo do presidente pedindo a esposa em casamento naquela tela gigante. Por que mudaram para um comercial? — Disse uma delas.

— Essa modelo não é tão bonita, mas tem um ar meio inocente. Me pergunto quem ela é.

Lorena parou ao ouvir a conversa. Levantando a cabeça, ela viu o enorme letreiro eletrônico exibindo um comercial estrelado por Agatha. Era o anúncio da nova coleção de joias do Grupo Azevedo, chamada "Amor Eterno".

No centro da campanha estava um anel deslumbrante, uma peça da linha especial de edição limitada em comemoração ao centenário da empresa.

Enquanto assistia ao vídeo, Lorena foi tomada por lembranças. Ela se lembrou de quando Murilo lhe mostrou os primeiros esboços do design:

— Lorena, qual desses você gosta mais?

Ela havia apontado para um anel cujo design lembrava folhas de ipê:

— Esse é lindo.

Murilo sorriu e beijou seus lábios:

— Eu também gosto desse. As folhas de ipê são mais bonitas no outono. Quando as vejo, lembro de como você estava radiante na primeira vez que te vi na escola.

Ele segurou as mãos dela com firmeza e prometeu:

— Esse anel vai ser exclusivo. Não estará à venda. Será só seu, para sempre.

Lorena se jogou em seus braços, olhando para ele com um sorriso brincalhão:

— Promete? Se você mentir para mim, eu vou embora para sempre!

— Eu juro pela minha vida! — Respondeu ele com convicção.
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