No dia da cirurgia, antes de sair, o Alfa Nate tirou do bolso um pingente delicado — um fio de prata trançado com um pequeno diamante rosa. Com todo o cuidado do mundo, ele o prendeu no meu pescoço.
— Feliz aniversário de união. — A voz dele era baixa e suave, daquele tipo que sempre fazia meu coração vacilar.
Baixei os olhos. Reconheci na hora. Era o mesmo diamante rosa que veio de brinde na pulseira que ele havia escolhido para a Rose.
Meus dedos tremeram, o peito apertou. Mas no rosto, mantive o sorriso calmo. Respondi num tom manso, como se nada tivesse acontecido:
— Feliz aniversário. Eu adorei.
Ele beijou minha testa com aquele carinho treinado.
— Diana, você é sempre tão obediente. Você nunca me deixa preocupado.
Antes de seguir para a clínica privada, decidi passar rapidamente em casa. Queria ver meus pais.
Mas nem cheguei a cruzar o batente, parei ao ouvir vozes lá dentro.
A voz de Rose vinha carregada de manha e reclamação:
— O que a Diana pensa que é? Ontem ela teve a audácia de bater na minha mão! E olha que é minha irmã mais velha...
A voz da minha mãe veio em seguida, tentando acalmar ela:
— Calma, querida. A sorte dela não vai durar muito. Nós estamos do seu lado, como sempre. Quando você quis o companheiro dela, fizemos ela ceder. E agora o Alfa Nate também é seu.
Meu pai suspirou, com um cansaço amargo na voz:
— Mas você precisa parar de arrumar confusão. Casou com o Alexandre com tanto esforço. Se os pais dele descobrirem dessa criança, vai dar problema. Se o vínculo de companheiros for rompido, nem o Nate vai conseguir proteger você.
E então, pra completar o absurdo, eu ouvi a voz do meu próprio companheiro: o Alfa Nate.
— Rose, não se preocupa. Ontem mesmo levei os exames, tá tudo certo. Agora é só esperar o bebê nascer bem.
Depois, ele falou com meus pais:
— Pai, mãe, podem ficar tranquilos. Por Rose, eu faço qualquer coisa.
Era como cair num abismo gelado. A dor no meu peito rasgava como lâmina.
Minha loba também tombou, uivando de agonia — como se no plano espiritual estivesse sendo rasgada, dilacerada, pisoteada por garras inimigas. Doía tanto que nem forças pra se levantar ela tinha.
Então era isso. Eles tinham planejado tudo juntos.
Todo esse tempo só eu estava no escuro.
Desde o começo, eu não passava de uma peça, uma isca sacrificável num jogo onde o fim já estava escrito.
Pouco depois, uma batida suave na porta anunciou um dos empregados trazendo chá.
Alfa Nate abriu a porta e estendeu a mão, mas de repente parou.
Seu corpo congelou por um instante.
No chão, diante da soleira, jazia uma corrente de prata arrebentada.
O mesmo colar que, naquela manhã, ele mesmo havia colocado no meu pescoço.
Seu rosto perdeu a cor. Engoliu seco e, num rompante, saiu porta afora. Seus olhos corriam por todos os lados, a respiração descompassada, a presença do lobo em alerta total.
Feito um louco, tentou abrir a ligação mental entre nós. Chamou por mim, uma vez, outra, e mais outra.
Quando finalmente conseguiu conexão, sua voz veio trêmula, urgente, desesperada:
— Diana, onde você tá? Me escuta... deixa eu falar...
Eu permaneci em silêncio.
Ele começou a entrar em pânico:
— Diana! Não faz isso comigo! Fala comigo, por favor, onde você tá?!
Foi quando uma voz calma soou bem ao meu lado. Era uma estagiária da clínica:
— Luna Diana, a sala de cirurgia já está pronta. Pode me acompanhar.
Do outro lado da conexão, o silêncio dele foi instantâneo. Como se tivesse levado um golpe no peito.
Na sequência, veio o colapso:
— Cirurgia? Do que você tá falando?! Que cirurgia?! Onde você tá?! O que você vai fazer?!
A voz dele, antes sempre tão firme, agora era um grito sufocado. Desespero puro, misturado a um medo que eu jamais tinha visto nele.
Eu apenas ouvi. Em silêncio. Deixei que ele se afogasse na própria angústia.
Então tomei o frasco que comprei da bruxa. Bebi tudo.
O vínculo mental foi cortado.
Pra sempre.
A partir daquele instante, aqueles seres desprezíveis nunca mais conseguiram me encontrar.