Semeadores de Tempestade
Um vento morno subia da várzea quando Artur estacionou a caminhonete na encosta onde o portal de transparência seria lançado.
O terreno, coberto de capim-limão, balançava em ondas verde-prateadas. Ele saiu do veículo, inalando o perfume cítrico que se desprendia das folhas recém-cortadas.
No bolso interno, levava o pendrive com a primeira versão do site que Reinaldo compilara durante a madrugada:
Relatórios, vídeos, depoimentos, balanços mensais. Documentos como lanternas.
Na varanda do casarão, Lisandra apertava os botões de sua blusa jeans com dedos ligeiramente trêmulos, Audrey empilhava caixas de fotos impressas sobre uma mesa, o cheiro de tinta fresca impregnando o ar.
Lara ajeitava fitas coloridas em frascos de vidro cheios de ervas secas:
Lavanda,
Alecrim.
Sálvia
Os potes fariam parte da sala sensorial virtual. Tudo pronto para a coletiva on-line que iria ao ar em duas horas.
Mas algo tenso pairava.
Clara apareceu à porta, o rosto pálido.
— Josu