AYLA
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A sensação da hipocrisia estava me consumindo, afinal, na primeira oportunidade eu abri as minhas pernas pra um homem que eu conheci a pouco tempo, se eu fosse Azrael, também teria agido da mesma forma, porém a dúvida de não ser ele estava gritando dentro de mim, enquanto o silêncio externo continuava, denso como a névoa.
A única coisa que eu conseguia ouvir era o som do meu próprio coração, martelando dentro do peito como um tambor em meio ao caos.
Minha mente se recusava a se acalmar, rodopiando entre os acontecimentos das últimas horas e as palavras que Azrael havia dito antes de desaparecer naquele dia que deveria ser o melhor dia da minha vida, no entanto foi marcado pela dor de perdê-lo.
Ele disse que deixaria de ser um anjo obsessor. Ele disse que estaria em algum lugar do mundo, sem memória.
O tempo todo eu estava agindo como se fosse possível Azrael continuar sendo um anjo.
Se o que ele disse naquele dia era verdade, então quem, ou o quê estava aqui comigo?
O barco