Um mês depois e o clima no morro era de guerra. Literalmente. A Rocinha tinha batido de frente com outro morro e o caos tomou conta. O barulho de tiro já fazia parte da rotina, e mesmo que eu tentasse me acostumar, meu coração ainda disparava toda vez que escutava o primeiro disparo da noite.
Fazia dias que eu não botava os pés fora de casa. Nem na porta. Gabriela surtando pelo telefone, e eu... eu só queria que Lucas voltasse vivo. Porque ele não parava em casa. Sumia o dia inteiro e a madrugada também. E eu ficava ali, no quarto, com Pedro no colo e o coração na mão.
Essa noite não era diferente.
A TV ligada num filme qualquer, volume baixo, só para fingir normalidade. Mas minha atenção estava toda no celular. Atualizando câmera, olhando grupo do morro, esperando uma mensagem, um sinal, qualquer coisa. Pedro também estava inquieto, rolava para lá e para cá na cama, às vezes dormia e acordava chorando com um estouro mais alto lá fora.
O relógio já passava da uma da manhã quando o