A temperatura caiu enquanto a chuva continuava caindo, e não dava sinais de que iria parar tão cedo. Janeiro era um mês frio e chuvoso. Gabriel gostava daquele clima frio e cinzento, igual ao seu estado de espírito. Desde que se lembrava, ele sempre esteve em um mundo nublado e sem vida.
Por volta dos seus cinco, seis anos de idade, ele percebeu que a mãe estava sempre ocupada, expandindo a sua rede de hotéis de luxo, e não ligava que ele ficasse mais tempo com o pai.
Apesar de ter nascido em berço de ouro, Gabriel cresceu em Paraisópolis. Seu pai parecia muito orgulhoso de ter um herdeiro homem, e desde cedo o ensinou o beabá do crime organizado.
Gabriel não sabia se era um dom ou uma maldição a facilidade que ele tinha para manusear armas, cometer pequenos e grandes delitos, e embalar drogas. Era algo muito natural para ele separar os bons dos maus, e decidir quem deveria viver, e quem deveria morrer pelo tribunal do tráfico.
Ele tinha só treze anos quando matou pela primeira vez. U