2 “A Solidão...”

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“A Solidão...”

DENISE, EM TESE, tinha tudo que qualquer mulher no mundo sonharia ter, era uma bela mulher, tinha uma casa excelente, uma família – que na pior das hipóteses, era uma família unida, mas ao mesmo tempo um tanto quanto distante –, mas mesmo assim, uma família agradável de conviver – sem brigas e nem nada. Denise estava em um bom emprego, apesar de ser desgastante, era um emprego bom, ganhava muito bem, tinha uma vida razoavelmente estável, o único problema para ela é que fora dali não tinha uma vida.

          A poesia sempre foi sua melhor companheira, em todos os momentos – sejam eles bons ou ruins. Denise estava escrevendo um livro de poesias, tinha escrito poucas poesias até aquele momento, é verdade, mas com muito significado em sua vida, e ela sabia que se aqueles versos a tinham tocado, de certa forma também tocariam outras pessoas.

“A lua que visita a noite me faz companhia

Quando estás ausente em minha vida meu amor,

Ninguém melhor que uma lua solitária no céu

Para dividir a solidão comigo,

Pois mesmo na imensidão do céu,

Jamais encontra consolo nos braços de quem

Ela realmente deseja estar,

As estrelas sempre distantes de sua beleza,

O sorriso sempre longe do seu olhar,

A solidão castiga quem vive em busca

de um amor puro e imaculado,

Jamais vi a lua chorar por chegar um amanhecer

E deixar a sua beleza tocar

Outros corações tão solitários quanto o meu em outro lugar...”

          O nome do seu livro será “A lua de Dante”, de certa maneira, Denise se identifica muito com a noite, talvez por ser uma sonhadora. Todo poeta é um sonhador por natureza, dizem que o poeta não vive o amor, pois ele escreve o próprio amor para que as pessoas se inspirem em seus próprios sonhos.

          É difícil dizer se isso é uma bênção, pois você sempre inspira as a amarem de uma maneira diferente, sem perder a intensidade, ou, se isso é uma maldição, por ver tantas pessoas felizes, sendo o seu legado, de carregar a solidão no peito como uma medalha e mesmo assim tentar viver feliz.

          Mas o sol sempre nasceu pela manhã, indiferente se algumas pessoas preferem a beleza da lua, ou o calor irrefutável do sol, certas coisas nasceram para ser como elas realmente são, e não o que elas desejariam que fossem, é isso que nos faz verdadeiramente especiais e únicos. Ninguém no mundo pode ser trocado por outra, cada um é especial dentro de suas limitações, a vida deve ser vivida na mesma intensidade que um poeta escreve uma poesia, como se fosse a sua última poesia, pois exprime do mais íntimo que se possa existir dentro de si mesmo, tudo aquilo que o seu coração grita, sem perder uma única palavra sequer...

“Ó meu bem querer

Não fuja do meu doce encanto

Deixe–se viver desse meu amor

O mesmo amor que fez os nossos olharem se encontrarem

Impossível dizer se eu vivo de amor

Ou se o amor é quem vive em mim

Mas é certo dizer que o amor

É responsável por tudo

Sinto–me só sem seu abraço

Sem o brilho incessante do seu olhar

Querias poder te ver mais uma única vez

Para então, poder compreender o porquê nossas vidas se cruzaram

E te abraçar de tal maneira

Que jamais se perdesse de mim

Assim como as estrelas se perdem no amanhecer...”

          A cada poesia que ia enchendo as páginas do seu livro, era um amor a menos em sua vida, uma oportunidade nova de tentar se reconciliar com a felicidade à sua maneira de ser.

DENISE SEMPRE FOI a melhor aluna da sua sala, a mais concentrada em todas as matérias, mas era visível que se sentia só em seu canto, sozinha em seu pequeno mundo poético fechado, onde os grandes poetas tentavam em cada poesia preencher o vazio de seu desolado coração que gritava por alguém que o completasse.

          É lógico que todos buscam alguém que nos façam felizes, mas a verdade é que só existe uma única alma capaz de se completar à nossa.

“É impossível compreender a voz do coração

Se ele não tem ninguém por quem bater

Procurando amparo em qualquer sonho

A solidão nos rouba qualquer impressão de felicidade

Pois ninguém é feliz se não enxergar

O amanhecer que apenas o amor pode nos proporcionar

A solidão tenta ludibriar os nossos corações

Mas o amor é a bússola da felicidade

É o imã de toda paz de espírito que todos buscamos

Buscamos em um olhar

Buscamos em um abraço

Mas na verdade...

Só encontramos o verdadeiro amor

Quando dois corações batem juntos

Em uma mesma direção para se encontrarem

E fazem a solidão entender

Que apenas o amor rege nossas vidas

Indiferente de qualquer coisa...”

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