O silêncio entre nós era denso, carregado de tudo o que não sabíamos como dizer. A sala ainda parecia impregnada pela presença indesejada daquele homem, e a mentira que Noah inventou pairava entre nós, sólida como se tivesse raízes. Minha avó e Jéssica tinham fugido para a cozinha, talvez para ocupar as mãos e esconder a tensão nos gestos, mas eu continuei ali, sentindo o peso do momento, do olhar dele sobre mim.
Quando Noah me chamou pelo nome, sua voz me atingiu como um puxão suave de volta à realidade. Meus olhos o encontraram, fixando-se nos detalhes que, de alguma forma, eu nunca havia notado tão de perto. O brilho intenso das íris, os cílios longos que realçavam a profundidade do seu olhar, a curva firme da boca moldada com precisão, e a barba rala que parecia o toque final de um quadro meticulosamente desenhado.
— Peço desculpas, novamente. — Ele quebrou o silêncio, sua voz levemente rouca, carregada de hesitação. — Eu não deveria ter me… sei lá… envolvido e criado essa históri