Gabriel arrastou a cadeira e se levantou devagar, sem encarar Giana outra vez.
— Vou para o escritório. Quero ficar sozinho.
— Gabriel…
— Giana, por favor. — interrompeu, já caminhando em direção ao corredor. — Só… me dá essa noite. É o mínimo.
Ela não respondeu. Apenas ficou ali, à mesa, olhando para o lugar vazio onde ele estivera segundos antes. O som dos passos dele ecoou até o clique suave da porta se fechar.
O escritório era o único cômodo da casa que ainda carregava o cheiro original da madeira. Gabriel acendeu apenas a luminária da mesa, deixando o restante do ambiente mergulhado em penumbra. Fechou a porta com cuidado e se recostou por um instante na madeira fria, respirando fundo como quem tenta afastar um pensamento antes que ele se transforme em ação.
A pasta estava ali, sobre a mesa. Onde ele mesmo a deixara horas antes, como se tivesse medo de encostar. Como se tocar nas páginas fosse o mesmo que voltar quinze anos no tempo.
Sentou-se, devagar. Passou os dedos pel