Ela fechou os olhos, deixando a lembrança a engolir. Não era apenas o beijo em si; a pressão suave dos lábios dele, o calor de suas mãos, o instante em que o mundo parecera parar. Era o que aquele momento representava, algo que Elana carregava desde a adolescência. Aos 14 anos, nas tardes quentes passadas na biblioteca da escola ou nas caminhadas até o ponto de ônibus, ela imaginava como seria beijá-lo. Sonhava com o jeito que ele ria, com a forma como seus olhos castanhos pareciam enxergar além das palavras dela, como se soubesse dos segredos que ela guardava.
Naqueles dias, Elana construía cenários em sua cabeça. Gabriel segurando sua mão durante um festival de verão, ou confessando que sentia o mesmo sob as estrelas numa noite qualquer. Ela imaginava o gosto de seus lábios, talvez com um toque de menta do chiclete que ele sempre mascava, e o calor de seu abraço, que parecia prometer segurança. Mas a timidez a prendia, e a amizade deles, tão preciosa, sempre parecia mais importante