O crepitar da lareira na cabana parecia um coração pulsando, o cheiro de madeira queimada misturando-se ao odor de musgo úmido e ao vento frio que entrava pela janela quebrada, trazendo o aroma distante de pinheiros. Minha loba rugia, um fogo primal no peito, mas meu coração acelerava com um medo que fazia minhas mãos tremerem, como se segurassem algo frágil prestes a quebrar.
Eu estava de pé perto do sofá velho, o tecido áspero coberto por uma manta fina, onde Lian estava sentado, o pijama azul rasgado nos joelhos, os olhos verdes brilhando com curiosidade infantil na luz dourada do fogo. Damian estava ao meu lado, a jaqueta de couro rasgada exalando um aroma de floresta e sangue seco, os olhos âmbar fixos em mim, cheios de uma força silenciosa que tentava me ancorar.
O chão de tábuas rangia sob minhas botas, o peso da verdade como uma corrente no peito, e minha loba uivava, exigindo que eu enfrentasse o momento. Respirei fundo, o ar frio mordendo meus pulmões, e chamei meu filho.