BrunaEu não tinha nada a perder quando coloquei o boa-noite Cinderela na bebida do Gabriel e, já que ele não queria ficar comigo, com aquela pobretona, ele também não ficaria.A gente ia ter um filho, cara... Mas parece que ele esqueceu tudo o que vivemos...No dia em que fui na boca falar com ele e contar sobre o filho que saí carregando em meu ventre quando fui embora do Brasil, eu esperava, pelo menos, que ele demonstrasse algum interesse. Mas não, ele sequer fez algum questionamento, não quis saber nenhum detalhe, nada; muito pelo contrário, ele, inclusive, duvidou que eu realmente estivesse esperando um filho dele.Gabriel me desprezou, me tratou com indiferença e eu saí daquela favela arrasada, humilhada, me sentindo um lixo, e tudo por causa daquela sonsa pobretona com quem ele está se relacionando. Ela é só mais uma entre tantas que ele já teve, e sei que não vai durar muito; e, quando essa historinha acabar, eu volto com tudo.Então, retornei lá decidida a acabar com o conto
ANTES DE BRUNA IR PARA A ARGENTINA:BrunaMeu pai fica com o olhar perdido, como se estivesse viajando no tempo antes de me responder.— É... digamos que eram pessoas da minha família. Mas eu só preciso que você entenda que esse Carioca é um homem muito perigoso, e toda a família dele também é. Preciso que você fique longe deles, entendeu Bruna?Quem da família dele teria sido morto pelo Carioca? Um irmão, um tio, seu pai talvez?Ele falava de um jeito muito estranho e aquilo estava me dando medo.Eu nunca soube nada da família do meu pai, o que sempre me fez praticamente ter certeza de que ele se metia em negócios ilícitos. — E agora você decidiu abrir mão dessa vingança? — pergunto, cautelosa.— Jamais! — Sua resposta foi repleta de ódio. — Eles não perdem por esperar, eles vão pagar! A família do Turco anseia por vingança há quase 20 anos e eu há mais tempo que isso. Todos os planos que eu e outras pessoas tentamos, falharam. Mas, dessa vez, não falhará.— O que você pretende faze
Thayla Após aquele sexo maravilhoso no banho e algumas frases desconexas, Gabriel dormiu um pouco. Ele estava visivelmente cansado e apenas duas horas de sono não foram suficientes para repor suas energias. Mas ele disse que estava resolvendo algo importante e, no meio da madrugada, mesmo contra minha vontade, ele saiu. Antes de ele ir, trocamos um beijo carinhoso, acompanhado de muitas declarações de amor. Hoje, no intervalo de uma das aulas, fui rapidamente até a biblioteca. Minha faculdade tem uma biblioteca enorme, cheia de computadores e afins, porém, eu ainda prefiro fazer pesquisas no modo tradicional, em livros físicos. Demorei um pouco, mas com a ajuda da bibliotecária, encontrei aquele que eu procurava. Aproveito para mandar mensagem para o Gabriel, mas ele não está online e também não responde. Uma sensação estranha me acomete. Ele anda tão estranho de uns dias para cá... Assim que chegar na Penha vou até a boca procurá-lo. Passo no balcão com o livro para fazer o
G4Ouvir aquele cara dizer que era a vida Bruna em troca da vida da Thayla, me levou para uma realidade paralela. Eu saí de mim naquele instante.Minha visão ficou turva, minhas pernas pareciam ter perdido o entendimento que sua função principal é me manter firme no chão e em pé.Não enxerguei mais nada na minha frente, o ódio multiplicado em centenas de milhares de vezes por cada célula do meu corpo, e por cada gota de sangue que corre em minhas veias.Eu voei na direção da Bruna. Bati tanto nela que não sei como ela suportou. A filha da putä apanhou pelo que me fez, pelo que pensou em fazer, mas acima de tudo, apanhou por ser filha daquele desgraçado. Cada täpa, cada soco, cada chute que ela recebia, era como se eu estivesse batendo no infeliz do pai dela.Minutos depois, ela não aguentou mais e desmaiou, mas eu queria ela viva, porque morrer, ela só ia morrer na frente dele...O cara quer terror? Então vai ter!Leco se encarregou de sumir com a infeliz da minha frente por um tempo,
G4— Quer dizer então que o desgraçado que tá com a Thayla é genro desse tal Barreto, que prendeu e tentou matar o tio Carioca no passado? É isso mesmo, G4? — Leco pergunta, após um breve resumo que fiz a ele sobre tudo o que meu pai relatou e que julgava ser importante.— Na verdade, foi genro, né? Não é mais! O cara era noivo da filha desse Barreto que meu pai e o seu, mataram. Daí ele ficou neurótico pela morte dela. Mas vai vendo: mataram ela porque esse Barreto matou o nosso avô. Foi uma consequência das atitudes dele mesmo, pô! Olho por olho, dente por dente! — respondo, sem olhar para o Leco. Apenas mexo no celular da Bruna, numa tentativa de o pai dela estar com o celular ligado e atender à minha milésima tentativa de ligação. Mas nada, só dá caixa postal.— Pode crê, o cara é maluco mesmo! Todo esse tempo e ainda não desistiu, a vida toda com vingança na mente!— Esse Barreto aí tinha ódio do nosso avô desde a juventude e os carai, Leco! E depois passou a odiar o meu pai, ass
ThaylaHoras intermináveis dentro daquele cubículo fechado e horripilante, cada segundo que se passava, era cada vez mais assustador estar ali, e com a sensação de que nada daquilo terminaria bem.Seria um pressentimento? Um mau presságio?Meu corpo implora pelo Gabriel, assim como um sedento implora por água no deserto. O medo de nunca mais vê-lo me invade, porque não tenho qualquer perspectiva de que ele, ou outra pessoa, me encontre.— Isso é pra você aprender a não ser mulher de bandido! — O homem dizia enquanto me dava täpas. — É pra você levar como lembrança, porque, certamente, aquele traficante nojento está fazendo o mesmo com a minha filha! — disse ele, antes de me acertar um soco que me fez perder os sentidos segundos depois.Acordo perdida, desorientada e com dor.Que pessoa é essa, tão descontrolada e maldosa? Não! Não posso acreditar que esse homem seja o pai do meu irmão. Embora as semelhanças físicas sejam evidentes e os trejeitos praticamente iguais, prefiro pensar que
LecoO G4 só pode ter surtado ao aceitar fazer a troca no Parque da Lapa. Qual foi? O cara tá de caô pra cima dele. Se ele quer ir pro privado, é só se entregar logo, não precisa dessa patifaria toda de ir até lá, não.Eu entendo que ele tá maluco com essa parada toda e quer trazer logo a mulher dele, mas vai estar cheio de fardas lá, papo reto. É lógico que o cara tá de armação.Por essas e outras que eu resolvo tudo na bala: é prático, rápido e eficiente, sem erros.Mas o G4, além de ser meu sangue, é meu mano de vida. Sou eu por ele e ele por mim, sempre, desde moleques. Então, mesmo não concordando com essa loucura, eu tô com ele até o fim. E o que eu puder fazer pra ajudar, eu faço.G4 tá transtornado e deu mais uma amassada na Bruna, um carinho nela sem massagem, se é que você me entende. E como a vadiä tá destruída, não precisou muito pra ela abrir o bico. Pouco sacode e já deu a informação. Uma informação quente, inclusive.Dois soldados que têm ficha limpa e podem circular na
ThaylaMeu coração acelera de uma maneira inimaginável ao ver o Gabriel na minha frente. E, ao mesmo tempo que as batidas pulsantes expressam felicidade, também indicam uma preocupação gigantesca. Afinal, este homem que me segura com brutalidade e aponta uma arma para minha cabeça é um louco, um psicopata capaz de tudo, e eu sinto que tudo isso pode acabar de forma desastrosa.Meu coração parece estar quase errando as batidas, mas posso sentir as do meu algoz também. Com minhas costas pressionadas em seu peito pela força absurda que ele usa, posso sentir seus batimentos desenfreados e sua respiração ofegante, exalando toda sua raiva e adrenalina.— JÁ FALEI PRA SOLTAR ELA! — Gabriel ordena outra vez para que o homem me liberte, deixando nítido seu jeito imponente que lhe é tão peculiar. Mesmo ele estando com a fisionomia exalando ódio e revolta, não posso deixar de observar o quanto ele está lindo. Usando uma jaqueta preta fechada até o pescoço, igual quando ele foi até a igreja no Es