A idade traz sabedoria...
Thais Cabral
Fiquei observando o Beto enquanto ele comia como se cada garfada fosse uma vitória. Grande, ombro largo, mão pesada. Um daqueles homens que ocupam espaço e intimidam sem precisar dizer muito. O semblante fechado não mudava. Os olhos pequenos avaliavam tudo ao redor com calma de quem já viu e fez coisas que eu nem quero imaginar.
“Olha pra ele” pensei, um fio de prazer mesclado ao arrepio que ele me causava. Beto abocanhava a comida com vontade, sem modos, farejando o ambiente com um predador. Eu não pude evitar, tive que implicar:
– Come que nem porco! Soltei, olhando com desprezo.
Ele parou, voltou o rosto para mim, e o ar ficou mais denso. Me arrependi na mesma hora. Sem cerimônia, mesmo dentro do restaurante, aproximou-se e apertou meu braço com força. Um gemido saiu da minha boca, mais de surpresa do que de dor, e eu senti a pele arder sob o aperto forte dos dedos dele. Alisei o local depois que ele soltou, tentando recompor a postura.
– Não sou seu amiguinho, nem um