CALEB
Dez dias.
Foi esse o tempo que levou para a vida dar mais uma daquelas voltas que não pedem licença. Dez dias desde a conversa da Pamela com a tia-avó, dez dias desde que aquele nome — Daniel — deixou de ser só um rosto familiar e virou uma pergunta enorme pairando sobre todos nós.
Eu estava inquieto desde cedo. Não era ansiedade comum. Era aquele incômodo que fica no fundo do peito, avisando que alguma coisa vai mudar, queira você ou não.
Saí de casa cedo, antes mesmo das crianças acordarem. Pamela ainda dormia, com Isabela grudada nela, Lucas espalhado do outro lado da cama. Fiquei alguns segundos parado, olhando aquela cena. Minha família. Meu chão. Meu ponto de equilíbrio. Respirei fundo antes de sair, como se estivesse me preparando para um impacto.
Eu precisava de respostas.
O escritório do investigador ficava em um prédio antigo, discreto demais para chamar atenção. Era exatamente por isso que eu confiava nele. Nada ali gritava segredo, mas tudo ali respirava sigilo.
Ele