PAMELA
Quando eu sentei na sala da Vitória e do Bernardo, eu já sabia que eles não estavam totalmente alheios ao que estava acontecendo. Eles sabiam do Daniel. Sabiam da semelhança. Sabiam da possibilidade que ninguém tinha coragem de dizer em voz alta.
O que eles não sabiam… era que eu tinha ido atrás da única pessoa viva que ainda guardava aquela parte da história.
Meu pai já estava morto.
E isso tornava tudo pior.
Vitória me observava com atenção, daquele jeito dela que mistura acolhimento e firmeza. Bernardo permanecia em silêncio, sério, como se já estivesse preparando o raciocínio antes mesmo de eu abrir a boca.
— Você quer contar agora? — Vitória perguntou, com cuidado.
Respirei fundo. Meu peito apertou.
— Vocês já imaginavam que o Daniel podia ser meu irmão — comecei. — Eu sei disso. Dá pra perceber.
Bernardo assentiu.
— Sim. Nunca comentamos porque não era nosso lugar.
— Mas tem uma parte que vocês não sabem — continuei. — Eu falei com a minha tia-avó. A única que ainda está