Pamela
Nunca imaginei que eu fosse entrar em um tribunal como ré ou como acusada de algo tão sério quanto envenenamento. Só de pensar naquela noite no hotel, com a polícia batendo na nossa porta, ainda sinto um arrepio na espinha. Mas agora estávamos em outro cenário: São Paulo, um tribunal cheio de gente andando de um lado para o outro, advogados com pastas, pessoas falando baixo pelos corredores.
Caleb caminhava ao meu lado, a postura firme como sempre, aquele ar de segurança que às vezes me acalmava, mas também me assustava. Ele estava decidido, irredutível. Desde o momento em que descobrimos que Jonas não havia sido envenenado — que tinha sido apenas uma reação alérgica aos frutos do mar —, eu pensei que tudo terminaria ali. Que a confusão passaria como um mal-entendido, e cada um seguiria a própria vida.
Mas não. Caleb não era homem de deixar as coisas no ar.
— Pamela — ele disse naquela manhã, ainda no nosso quarto, quando recebeu a ligação do advogado Richard confirmando a audi