Não tive coragem de retornar para casa depois de presenciar todo o sofrimento de Karen, seu psicológico parecia mais frágil que seu estado físico e a impressão que eu tinha era a de que ela poderia se quebrar como vidro a qualquer momento. Quando começava a ficar muito tarde, fora do horário de recolher, liguei para a minha família, e avisei que passaria a noite na casa de Mark cuidando da minha amiga gestante em vista de que sua sogra não poderia fazer isso pois, precisaria trabalhar.
Houve um pedido de retorno ao hospital devido a necessidade da maior quantidade possível de profissionais para tratar dos pacientes que chegaram minutos antes, vindos de um acidente em um barco clandestino que havia pegado fogo, dezenas de pessoas estavam feridas e como o corpo médico era muito pequeno, ela precisaria fazer hora-extra.
Após a ligação, retornei ao quarto e percebi o estranho
A relação entre as irmãs melhorou praticamente da água para o vinho, quem as visse conversando, jamais imaginaria que ambas passaram tanto tempo afastadas e a verdade era que nenhuma delas tinha culpa da situação em que se encontravam. O primeiro ultrassom da jovem gestante se aproximava e ambas pareciam muito ansiosas para ver pela primeira vez o corpinho da criança que era gerada, e no caso do pai, a situação não era diferente, seu rosto expressava um misto de ansiedade e felicidade que o deixava todo bobo, um legitimo pai coruja.Karen ainda parecia sentir-se culpada pela raiva que havia nutrido pela irmã mais velha por tanto tempo, mas parecia ciente de que já havia sido perdoada, e enquanto preparavam a mala que precisaria para mudar-se, vez ou outra, seus olhos voltavam-se preocupados a irmã que parecia alheia a isso. Era clara a sua vontade de quest
Acordei atordoada ouvindo meu nome sendo chamado, ergui a cabeça ainda confusa e me deparei com a minha mãe sentada sobre a minha casa, seus dedos longos acariciando os meus cabelos. Por algum motivo, lembrei-me que a última vez em que havia feito aquilo havia sido anos antes enquanto conversávamos sobre garotos e cuidados coisas de namoro.– Está acordada? Questionou rindo baixo, parecia estar divertindo-se com minha cara sonolenta, mas seu próximo anuncio me alertou abruptamente. – Preciso sair a trabalho por algumas horas...Sentei-me lentamente, sentindo os músculos ainda um pouco cansados e a fitei com mais atenção, seus cabelos castanhos estavam presos em um coque bonito, usava pouca maquiagem e vestia seu costumeiro terninho cor grafite, combinando com a maleta de couro preto. Seu rosto t&ati
Maya...Enquanto caminhava pelo pequeno centro comercial, observando com certo desagrado o quanto nada havia mudado mesmo depois de dez anos, notei como Amora estava inquieta, parecia estar tendo muita dificuldade em se adaptar a aquele novo ambiente, e passava o tempo inteiro farejando a ar a sua volta, ou rosnando para as pessoas por quem passávamos, ela praticamente odiava tudo e todos.“Precisa relaxar ou terá um infarto” Brinquei acariciando suas orelhas peludas, e ao ouvir minha voz, sua calda moveu-se rapidamente demonstrando que estava feliz.Parei em frente a clínica veterinária de Samanta e fitei a jovem de cabelos encaracolados conversando com um cliente, anotava rapidamente algumas informações e sorria parecendo ter certo afeto pelo animal que o homem carregava nunca caixa de transporte branca. Empurrei a porta, tendo o cuidado de apertar bem a guia para que minha pequena fera não acabasse
Maya...Naquela noite, retornei para casa com a mente conturbada, o silencio nas ruas era incomodo e tinha a impressão de que algo não estava certo. Abri as travas de segurança da porta e entrei, acendendo as luzes em seguida, estranhando a oscilação delas, sabendo que não era normal.O mau pressentimento retornou e lembrei-me do convite de Samanta para jantar em sua casa, e por um momento, me arrependi de não ter aceitado. Balancei a cabeça para os lados, afastando aqueles pensamentos e tratei de me ocupar para não ficar pensando bobagens.Passei um café forte, e sentei-me diante da escrivaninha ainda secando os cabelos em uma toalha após um banho morno e relaxante, liguei o notebook, abrindo a caixa de e-mails e enviei todas as fotos e o curto dossiê que consegui produzir naquele período para Tereza, imaginando que se algo acontecesse comigo, ela poderia terminar o
Sarah... Acordei naquela manhã ouvindo vozes, por um momento, ri com o pensamento de que finalmente havia ficado esquizofrênica, mas perdi o humor assim que percebi que eram os meus pais conversando no corredor aos sussurros, e isso denotava que era algo que não queriam me contar. Então acabei ficando ainda mais curiosa, me aproximei e colei o ouvido a porta, tentando entender do que se tratava. Não conseguia entender as frases inteiramente e apenas pegava algumas palavras esporádicas a respeito de coisas como incêndio, morte e algo relacionado ao assassino em série, ao que parecia, mais alguém havia morrido e suspeitavam dele. Juntei aquelas informações, concordando, porém, a ideia de que o serial killer estivesse envolvido em incêndios não pa
Fui eu quem fiz a sugestão de que não poderíamos parar as atividades na clínica, seria muito suspeito se mais nenhum atendimento fosse feito, e como estávamos basicamente sendo vigiadas, tínhamos que ter muito cuidado com nossas ações a partir daquele momento, não poderíamos cometer nenhum erro.Maya estava recuperando-se lentamente, vê-la daquela forma, tão fragilizada depois de um violento ataque e silenciada por estar tentando revelar a verdade, uma mulher que quase foi morta apenas por estar fazendo o que era correto, me mortificava, era horrível sentir aquela sensação de impotência, tendo a certeza de que o mal estava prevalecendo.A tempestade permanecia, as ruas mantinham-se silenciosas e sem vida, o medo em todos era palpável, não estava havendo aulas devido a gravidade da situaç&at
O estranho sonho cheio de significados ainda era recente em minha memória, o impacto do meu corpo na água, a sensação gélida e a própria água fria molhando meus cabelos e roupas finas. Era tudo muito realista, os cheiros e toques causavam reações tão familiares que eu realmente cogitei a possibilidade de estar jogando-me, sonambula, em um lago desconhecido.Foi nesse momento que acordei, voltando ao mundo dos vivos, e percebi que estava em um quarto dolorosamente branco, tão luminoso que causavam dor em minhas retinas, olhei ao redor, notando que pela segunda vez naquele ano, estava em um quarto de hospital. Quando meus olhos se voltaram para baixo, me deparei com Gabriel, dormindo com a cabeça apoiada nos braços cruzados sobre o colchão, uma de suas mãos frias pousada sobre a minha, segurando-me como se temesse parecia meu desaparecimento.Exata
Respirei fundo, lembrando dos ensinamentos que havia pesquisado sobre manter a calma em momentos complexos como aquele, não poderia me deixar abater pelo medo e trauma, minha vida era muito mais importante. Então, resistindo a todos os meus medos, me ergui lentamente e caminhei toda torta em direção ao carro, me esforçando ao máximo para não assustar meus pais, ou meus outros visitantes. – Por favor, ignorem esse chilique! Murmurei depois de alguns minutos tremendo, fechei meus olhos e respirei fundo, tentando melhorar o estado de estresse do meu corpo, precisava retomar o controle. Eles pareciam relutantes em meio a aquela situação, a indecisão em seus olhos era óbvia, não queriam arriscar ainda mais a minha saúde mental, mas ao mesmo tempo, sabiam que me trancar em um hospital sempre foi o meu maior medo. E no final,