Horas antes
Lucy acordou sobressaltada ao ouvir a porta do quarto se abrir. Pulou da cama, o coração disparado, até ver Mary acender a luz.
— Se acalme, filha — disse Mary, a voz suave, mas os olhos marejados.
— O que foi? — perguntou Lucy, esfregando os olhos, ainda grogue.
— Queria saber se tá tudo bem — respondeu Mary, sentando-se na beirada da cama, a preocupação estampada no rosto.
— Tô melhor — mentiu Lucy, querendo apagar da mente a maldição, o peso de ser uma Sales, as palavras do padre. Uma brisa leve trouxe um leve aroma de jasmim, como um eco distante.
— Conversei com John — disse Mary, hesitante, segurando o pingente dourado com o “S” no pescoço.
Lucy se endireitou, tensa.
— E o que ele disse?
— Filha, eu preciso ir — confessou Mary, a voz falhando. — Pra clínica.
— Você disse que não ia! — retrucou Lucy, o coração apertado.
Mary respirou fundo, olhando para o livro vermelho ao lado de Lucy.
— Pode falar — insistiu Lucy, notando o medo nos olhos da mãe. Ela acha que vou