JOYCE
Caminhamos pelo calçadão, a brisa do mar se misturando com a doçura do nosso sorvete.
Ele meio que ainda não foi perdoado... mesmo que ele cuspa essas ameaças idiotas como se significassem alguma coisa.
O problema era que meus pensamentos continuavam voltando para aquilo.
Para o que eu fiz.
Para o bebê que eu não tinha mais.
Eu estava escondendo isso dele. Eu devia contar, mas não sabia como ele reagiria.
E se ele quisesse ser pai? E se eu tirei isso dele sem lhe dar escolha?
Foi egoísmo da minha parte?
— Quando você vai me contar o que está te incomodando?
Sua voz interrompeu meus pensamentos, me trazendo de volta à realidade.
— Hmmm? — perguntei, quase engasgando com meu sorvete.
Seus olhos permaneceram em mim.
— Me conta.
Forcei um pequeno sorriso, suspirando. Não posso contar a ele. Ainda não. Talvez nunca.
— Não é nada. — menti.
Sua cabeça se inclinou, sem tirar os olhos do meu. Então ele se aproximou, seus lábios quase roçando minha orelha.