Capítulo 5 - Famiglia

Betina

Depois do dia em que quase fui estuprada pelo motorista louco do aplicativo, se tornou um hábito ter Drake sempre por perto, me cativando e me mostrando o quanto gostava de ficar comigo.

Demorou um tempo para ele entender que eu não queria Mor e Mau me seguindo dentro da faculdade. 

Era desnecessário.

Mesmo assim ele insistiu para que viesse me buscar todos os dias, não queria que eu andasse de ônibus coletivo, nem pegasse qualquer carro de aplicativo. Esse último se tornou extremamente proibido após o que aconteceu.

Se não bastasse ele ainda me deu um celular novo, mil vezes melhor do que eu tinha e ainda conseguiu baixar tudo o que eu tinha no outro celular sem qualquer ajuda minha. 

Esse negócio de ser da máfia realmente tinha seus benefícios. Não que eu estivesse pensando em me juntar a eles, já que eu nem sabia que tipo de trabalho faziam.  A única coisa que eu sabia era que eles sempre queriam mais.

Mais glória, mais poder, mais sucesso.

Drake se mostrava um homem poderoso, nenhum dos seus subordinados me olhava por muito tempo quando eu passava. Não debatiam o que ele falava, muito menos eram desrespeitosos uns com os outros. 

Um olhar bastava para que o ambiente a sua volta se aquietasse. Era intimidador.

O pior de tudo isso é que eu me sentia cada vez mais atirada por esse lado dele, o lado que ele me mantinha segura e ansiosa por saber mais, me mantinha interessada sem nunca ter ocorrido nada entre nós. Ele era o tipo de homem que eu sempre evitei por medo de sofrer.

Agora não tinha para onde correr, eu estava totalmente emaranhada em sua rede e não sabia como me afastar sem causar um dano permanente em meu coração.

— Já vai? — Ana me perguntou assim que a coordenação veio até a sala avisar que não teríamos a última aula.

— Vou esperar Drake lá no ponto de ônibus. — falei recolhendo meu material.

— Você ainda não me explicou exatamente quem é ele em sua vida. — e nem iria explicar. Eu simplesmente não sabia.

— É um amigo, já te disse. Me livrou de uma fria e devo muito a ele. — ela me analisou por cima dos óculos.

—Por que eu acho que você está escondendo alguma coisa, Betina? — Ana era minha amiga desde que comecei a estudar no Belas Artes. Foi a primeira que me estendeu a mão e a que me ajudou a encontrar um lugar para ficar. Eu sempre contei tudo a ela, mas agora não podia. Falar a natureza de Drake seria atestar que eu estava ficando louca por sair com uma cara perigoso que eu nem conhecia direito. — Não quer que eu te deixe em casa? 

— Não, não se preocupe. Ele já deve estar a caminho. Mandei mensagem para ele — apontei o celular com a tela desligada e ela acreditou. 

Eu não tinha mandado mensagem para ele ainda, porque não queria incomodá-lo. Mas em 40 minutos ele chegaria e eu poderia esperar por ele, como ele sempre fazia por mim.

— Tudo bem, Be, mas saiba que se precisar de alguma coisa é só me dizer. Somos amigas, não precisa se esconder de mim.

— Não estou. Que ideia é essa? — coloquei minha mochila no ombro e a olhei. — Eu só não sei o que temos. Não posso te contar nada por que ainda é novo e não definimos. — cruzei os braços — Estamos nos conhecendo. — ela abaixou os olhos não acreditando em mim — Prometo que quando definirmos o que existe entre nós você será a primeira a saber.

— Eu não tenho outra escolha se não acreditar em você — ela falou chateada e a abracei.

— Acredite em mim — supliquei e ela concordou. 

Nos despedimos assim que saímos da sala, ela ia em direção ao estacionamento e eu ao ponto de ônibus.

Sentei colocando minha mochila ao lado e pegando meus fones de ouvido. Abri uma das plays lists que Drake tinha criado para mim e me deliciei com os acordes. Ele parecia saber o que mais me impressionava.

Retirei da minha bolsa meu caderno de anotações e uma caneta azul. Um arranjo de acordes estava se montando em minha mente e eu precisava marcá-lo antes que sumisse. 

Desenhei cada nota como se o teclado do piano estivesse a minha frente, fiz toda a sequência e me deixei levar por toda a atividade que estava fluindo em minha mente. Eu amava quando isso acontecia, sempre me impressiona com a minha capacidade.

— Ali a vagabunda que sai com homem casado! — Ouvi o berro da mulher por cima da minha música, mas preferi não olhar. Provavelmente era uma coisa particular e eu não queria mais me envolver em problemas.

— Ela está nos ignorando mesmo? Não estou acreditando nisso — as vozes continuaram.

— Vamos dar uma lição nela, assim ela aprende que ninguém se mete com a famiglia — quando a terceira falou, foi que um sinal de alerta disparou em meu cérebro. 

"FAMIGLIA!"

Não podia ser coincidência. 

Fechei meus olhos esperando que fosse apenas um sonho. 

Quando abri três mulheres se materializaram em minha frente. Uma mais linda que a outra e todas vestidas de preto. Com certeza faziam parte do grupo de Drake.

A que estava na frente era morena e me encarou com raiva batendo a mão em meu caderno e o fazendo desabar no chão.

— Não está ouvindo a gente falar com você — ela me puxou pelo colarinho da blusa e me fez ficar de pé.

— Me solte! — falei empurrando suas mãos de mim e ela riu.

— Ou o que? — a outra me segurou pelos cabelos, me abaixando e levei minhas mãos imediatamente para o cabelo.

— Vocês são loucas? — tentei me soltar, mas ela apertou ainda mais seus dedos.

— Louca é você de se meter com quem não deve.

— Do que está falando? Eu não estou entendendo! — mas na verdade eu começava a entender que talvez Drake não fosse tão santo assim.

— Vamos dar uma lição em você, assim você vai aprender a nunca mais mexer com homem casado! — elas me arrastaram para trás do ponto de ônibus rindo do meu desespero.

— Por favor, vamos conversar. Preciso entender do que estão falando. — tentei novamente me soltar mas as outras duas seguraram uma em cada braço.

— Não sabe? Mas vai saber já, já. Se mexer com uma, mexeu com todas. É assim que nós defendemos. Você é uma Bastarda que não respeita e não sabe nada sobre nós. Vamos te ensinar que o sangue está acima de tudo. — eu estava perdida. Não teria ninguém para me socorrer naquele momento. 

Se eu soubesse que Drake era casado, nunca teria aceitado suas ofertas de se aproximar de mim. Nunca teria deixado nada do que aconteceu entre nós se estender. Eu teria me afastado, teria impedido. 

"ELE NEM ALIANÇA USAVA!"

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