Os dias seguintes se arrastaram num ritmo lento, quase suspenso, como se o tempo tivesse decidido andar com cuidado dentro daquela casa. A tensão da noite em que Sérgio apareceu não desapareceu completamente; apenas se transformou em uma presença silenciosa, constante — como uma nuvem cinza que paira no céu, sem chover, mas também sem ir embora.

Abigail manteve-se quieta. Passava a maior parte do tempo no quarto ou na sala, sempre próxima de Marcos ou Luiza, evitando ao máximo qualquer situação que pudesse levá-la a pensar em Sérgio. Não falava sobre ele, não perguntava, não demonstrava curiosidade — era como se a simples ideia de mencioná-lo fosse pesada demais para suportar.

Marcos respeitava. Observava a filha com atenção, atento a cada pequeno sinal. Algumas noites, ela dormia mais tranquila; em outras, o sono era inquieto, marcado por olhares perdidos no escuro e respirações presas no peito. Ele sabia que ela ainda estava processando tudo — e que pressioná-la agora seria o pior e